Sugestão de livros que falam sobre autismo e ajudam a praticar a inclusão
Com o objetivo de difundir informações sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e, assim, reduzir a discriminação e o preconceito, abril é marcado como o mês de conscientização do Autismo. Este ano, para o Abril Azul, uma campanha nacional traz o tema “Respeito para todo o espectro”. A Organização Mundial da Saúde (OMS) prevê que haja 70 milhões de pessoas com autismo em todo o mundo, sendo 2 milhões somente no Brasil. Estima-se ainda que uma em cada 88 crianças apresente traços de autismo, com prevalência quatro vezes maior em meninos.
Segundo a supervisora do Serviço de Psicologia Escolar do Colégio Positivo, Maísa Pannuti, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) não é uma doença, mas um transtorno do desenvolvimento. “Não existem exames clínicos que atestem o TEA. O diagnóstico deve ser clínico e multidisciplinar, a partir de critérios como déficits persistentes na comunicação e na interação social, assim como padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades”, explica a psicóloga.
Maísa ainda destaca: “apesar de haver alguns traços característicos do autismo, cada pessoa é única, com sua personalidade, genética, história de vida e contexto familiar. Assim, não se pode rotular um indivíduo com TEA, o que reduziria a pessoa ao transtorno em si, desconsiderando sua subjetividade”. Por outro lado, conhecer alguns comportamentos relativamente comuns em pessoas com autismo pode ajudar na redução do estigma e do preconceito, favorecendo a inclusão desses indivíduos de forma plena. “Conhecer esses padrões não tem como objetivo rotular, mas sim garantir que a informação seja um veículo de eliminação de toda e qualquer forma de preconceito”, ressalta Maísa.
Para favorecer a inclusão escolar e social das pessoas com autismo desde a infância, a psicóloga afirma que é preciso que a sociedade entenda essa condição e esteja aberta para a interação e a inclusão. “As crianças com TEA sofrem muito com o julgamento de outras crianças, que possuem maior dificuldade para compreender as diferenças”, explica. Em atenção à data comemorada no dia 2 e como forma de manter o tema sempre em pauta para a reflexão de todos, Maísa sugere alguns livros que tratam do autismo, sejam voltados para a leitura com crianças ou até mesmo com práticas de inclusão por parte de escolas:
Você sente o que eu sinto?, de Leonardo Kriger (Ed. Independente, 188 páginas)
Leonardo Bertolli Kriger, estudante universitário diagnosticado com Autismo e Superdotação aos 12 anos de idade, conta detalhes de sua trajetória nesse livro. O autor relembra os seus intensos conflitos emocionais e também revela os desafios que precisou superar para romper a estigmatização que sofria e que ainda é sentida por muitos também diagnosticados como “diferentes”.
O cérebro autista, de Temple Grandin (Ed. Record, 252 páginas)
Com novas descobertas, Temple Grandin conta a sua própria experiência enquanto autista. A autora evidencia os avanços científicos neste campo e compartilha algumas de suas ressonâncias cerebrais, mostrando as anomalias que explicam os sintomas mais simples.
- O menino só, de Andrea Viviana Taubman (Ed. Escrita Fina, 36 páginas)
O livro fala de forma poética sobre o complexo e pouco conhecido mundo das crianças autistas, que não apresentam estigmas físicos visíveis mas têm necessidades muito específicas para poder se desenvolver.
Humor Azul: O Lado Engraçado do Autismo, de Rodrigo Tramonte (Ed. Independente, 100 páginas)
De uma forma engraçada e descontraída, o cartunista Rodrigo Tramonte apresenta diferentes momentos da vida de um autista. O autor sabe bem o que escreve, pois também é autista e parte dos relatos são momentos vividos por ele com amigos ou familiares. Em forma de quadrinhos com ilustrações divertidas, as pequenas histórias do Zé Azul e de seus companheiros dão uma visão geral de como o autista age em diferentes situações, além de mostrar explicações sobre o autismo. Tramonte quer mostrar – e deixa bem claro no seu livro – que o autismo não é uma doença e sim uma forma diferente de enxergar as coisas e o mundo.