Educação

Um olhar especial ao autismo em Içara

Termo de colaboração com a Apae oferece atendimento com neuropediatra para alunos do município.

O município de Içara conta pela primeira vez com atendimento de neuropediatria. Isso é possível através de um termo de colaboração assinado com a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) que disponibiliza o seu médico especialista para prestar este serviço. São oito atendimentos ao mês para alunos da rede municipal de ensino.

No primeiro mês de consultas, sete crianças foram atendidas com três tendo o diagnóstico para Transtorno do Espectro Autista, ou seja, confirmação para autismo. “Esta é uma grande conquista para nossa educação. Encontrar profissionais para esta área é um grande desafio para todos os municípios. Por isso somos muito gratos a Apae que se sensibiliza com os alunos da rede pública prestando este atendimento”, reforça a prefeita, Dalvania Cardoso.

A forma com que o município vai fazer esse diagnóstico promete ser mais rápida. “Estamos mapeando toda a rede municipal e pedimos a atenção dos professores na identificação dessas crianças autistas. Queremos ter um olhar voltado ao autista. Queremos trabalhar muito com os pais, que eles saibam que estamos aqui para tudo”, revela a coordenadora da Educação Especial do Governo Municipal de Içara, Ana Satie Takayama.

Professores participam de capacitação com atividades práticas para estimulo da forma de ensinar os alunos com autismo no município

Na manhã da última quinta-feira,(1º),os professores de artes do Governo Municipal de Içara participaram de uma formação com muita conversa e técnicas que estimulam, ensinam e também acalmam as crianças autistas, a capacitação foi mediada pela professora municipal Andreia Alves Berto de Moura.

Andreia é mãe de uma criança autista. Depois do diagnóstico do seu filho, ela e o marido, que também é professor de artes, começaram a desenvolver técnicas para a aprendizagem do filho que hoje são passadas nas salas de aula que Andreia leciona. “Eu sempre trabalho com a regra de três, ela me ajuda muito. Primeiro eu faço, mostro para o aluno o que estou fazendo, chamando a atenção dele, depois ajudo ele a fazer a atividade e por último deixo com que ele faça sozinho. Quando eu comecei a trabalhar assim foi um divisor de águas no meu trabalho. Você tem que tornar aquilo muito divertido para que a criança preste atenção em você”, pontua a professora.

Tinta, balão, cola, papel, cores, texturas, tudo com o intuito de chamar a atenção dos alunos. “Meu filho é autista, meus alunos são, eu entendo a realidade dos professores. Tem aluno que só se comunica na aula de artes. O momento que o professor se dedica ao autista é muito importante para ele, é difícil alcançar a atenção de um autista, mas com muita arte estou conseguindo. Não se pode deixar o aluno isolado, é preciso ter atenção com ele, nem que seja por dois minutos”, lembra Andreia.

Tamiris Torquato Darolt, professora de artes da rede municipal, aprovou as técnicas apresentadas. “Quase toda sala tem uma criança autista, as atividades e brincadeiras auxiliam muito na forma de lidar e como ensinar esses alunos. Sempre lemos e nos informamos sobre todo esse universo, mas toda a experiência que a Andreia trouxe aqui é diferente, é a vivencia dela, ela conhece a realidade da sala de aula”, conta a professora.

A capacitação foi realizada para que os professores possam pensar novas formas de ensinar e desenvolver os alunos. Também presente no evento a secretária municipal de educação, Rose Reynaud, reforçou a importância do encontro. “Queremos capacitar os professores, capacitar os auxiliares de sala. Conversas e treinamentos com quem é da casa, quem conhece a realidade do município, são sempre enriquecedoras. É aprendendo na prática com quem entende e vive essa realidade que vamos mudar a situação atual”, concluiu a secretaria.

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