
Museu do Montanhismo de Siderópolis é certificado pelo Instituto Brasileiro de Museus

O Museu do Montanhismo Edson DuBois Struminski recebeu, neste mês, o certificado de registro junto ao Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM). O equipamento cultural é considerado o único a respeito do tema no Brasil e está localizado na área do Instituto Felinos do Aguaí, na comunidade de São Pedro, em Siderópolis.
Fundado em 2023, o Museu está localizado em frente ao Morro da Mina e na histórica Trilha dos Tropeiros. Está inserido em um território de importância geológica, biológica e cultural. O espaço guarda a história do montanhismo, com uma coleção de equipamentos antigos, fotografias históricas e relatos de escaladas memoráveis.
O espaço conta com equipamentos de segurança e navegação, dispositivos fotográficos, mapas históricos, livros técnicos, biblioteca especializada e objetos pessoais que remetem às trajetórias de famosos montanhistas, além do acervo geológico, da biodiversidade local, arqueologia indígena, registros da cultura tropeira e da imigração italiana.
“O Museu é um marco para a cultura e a memória ambiental do Brasil. Vai além do papel de guardar objetos e registros. Nasce como um chamado para que possamos enxergar as montanhas não apenas como paisagens, mas como símbolos de conexão e responsabilidade com o planeta”, afirmou a curadora cultural e ambiental do Museu, Jossyellen Becher.
Para o fundador do Museu, o fotógrafo, pesquisador e montanhista há mais de 30 anos, Júnior Santos, a ideia surgiu pela admiração pelas paisagens da cidade. “Siderópolis tem uma vocação natural com as montanhas da Serra Geral. Aqui, os paredões, as nascentes cristalinas e as florestas de Mata Atlântica não apenas definem o relevo, mas também influenciam a cultura e a memória de quem aqui vive”, comentou Júnior.
Segundo ele, o Museu é um espaço que celebra a cultura das montanhas e integra esporte, ciência e educação ambiental. “Representa, para Siderópolis, um legado coletivo e um ponto de convergência entre memória, natureza e futuro. Que ele inspire novas gerações a reconhecerem as montanhas como símbolos de identidade e a assumirem o compromisso de preservá-las como patrimônio vivo", declarou Júnior.
Para o presidente e sócio-fundador da Associação da Serra Geral de Montanhismo (ASGEM), Elias Caetano, a exploração das montanhas registra episódios de coragem e pioneirismo da humanidade e essa história merece ser valorizada e contada. “A cultura do montanhismo desenvolvida e promovida pela ASGEM na região é uma riqueza e modelo de referência, pelas práticas em forte sintonia e harmonia com o meio ambiente e com as comunidades locais. Tudo isso está retratado e é apresentado aos visitantes”, analisou Elias, que comemora o reconhecimento do espaço e agradece a parceria com o Instituto Felinos.
“Essa conquista reforça o potencial de Siderópolis como referência na valorização do patrimônio cultural e natural da Serra Geral. Recebemos com muita alegria, e agora Siderópolis já pode dizer que tem dois museus", comentou o assessor de Cultura e Turismo, Arisson Fabricio Nunes.
Homenagem
Edson Struminski, mais conhecido nacionalmente como “Du Bois”, é mineiro de Poços de Caldas, nascido em 1962, e foi um dos mais importantes montanhistas do Brasil. Bacharel em Engenharia Florestal, mestre em Conservação da Natureza e doutor em Meio Ambiente e Desenvolvimento, foram quase 40 anos dedicados à conservação dos ambientes montanhosos, sendo um dos mais exímios cientistas das montanhas brasileiras.
Sua vida nas montanhas iniciou em 1979, quando passou a morar no Morro do Anhangava, na Serra do Mar paranaense. Introduziu novos conceitos e técnicas em uma atividade praticamente moldada por suas origens europeias e fez parte de uma geração formada por seletos pioneiros que modernizaram a escalada em rocha da década de 1980.
Além de ser um dos pioneiros na escalada no Paraná, um dos berços do montanhismo brasileiro, realizou ações em vários estados, como Alagoas, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, e em montanhas de países como Argentina, Chile e Uruguai.
Colaborou na criação e planejamento territorial de várias Unidades de Conservação destinadas à proteção de áreas montanhosas e realizou algumas das primeiras atividades acadêmicas e de pesquisa científica sobre montanhas do Brasil, elaborando uma metodologia para prevenção de incêndios em montanhas com base na resiliência das diferentes formas de vegetação.
Participou de duas expedições científicas à Amazônia (Serra dos Carajás e montanhas de Curicuriari), produzindo uma série de produtos editoriais, como livros, teses, artigos e outros textos de referência interdisciplinares, como o livro “Parque Estadual Pico do Marumbi”, derivado de sua dissertação de mestrado “Dossiê Baitaca”. Foi criador e mantenedor do banco de dados Pesquisa em Montanha, www.pesquisaemmontanha.wordpress.com, que agrega artigos científicos, relatórios, mapas e outros documentos de interesse para pesquisadores e aficionados por montanhas.
Visitação e Agendamento
O Museu está aberto ao público de quarta-feira a domingo, incluindo feriados, das 8h às 12h e das 13h às 17h. Os agendamentos podem ser feitos pelo e-mail jossyellen@felinosdoaguai.com, ou pelo telefone WhatsApp (48) 99164-1238.
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