
Reencenação no Morro Albino celebrou os 80 anos da particapação da Força Expedicionária Brasileira e o centenário do município.

O estrondo do obuseiro ecoou no Morro Albino e fez vibrar o público que acompanhava a encenação histórica do primeiro disparo da Força Expedicionária Brasileira (FEB) em solo italiano, ocorrido em 16 de setembro de 1944. A apresentação, realizada nesta segunda-feira (15), integrou o calendário oficial do centenário de Criciúma e reuniu cerca de 300 pessoas, entre autoridades, entidades de segurança, moradores e familiares de pracinhas da região.
O evento foi promovido pelo Governo de Criciúma em parceria com o 28º Grupo de Artilharia de Campanha (28º GAC) e o Grupo de Reencenação Monte Castelo. Além de recriar o primeiro tiro de artilharia, a solenidade homenageou os mais de 25 mil brasileiros que integraram a FEB durante a Segunda Guerra Mundial, dos quais cerca de mil eram catarinenses.
Homenagem aos heróis da liberdade
O prefeito de Criciúma, Vagner Espindola, destacou a importância de realizar a reencenação em um momento simbólico para a cidade.
“Hoje é um dia de profunda homenagem. Celebramos a bravura de mais de 25 mil homens e mulheres que deixaram o Brasil rumo à Itália durante a Segunda Guerra Mundial, enfrentando frio, dificuldades e até preconceitos, mas sem jamais perder o espírito de luta. É também um momento de reverência aos cerca de 500 pracinhas que tombaram em combate e às suas famílias, que carregam até hoje esse legado. Ao realizarmos esta reencenação em Criciúma, em nossos 100 anos de história, reafirmamos valores que não podem se perder: civismo, patriotismo, família, fé e liberdade. Que este ato simbólico mantenha viva a memória daqueles que lutaram e inspire as novas gerações a jamais se conformarem diante da injustiça”, afirmou o prefeito.
Para o comandante do 28º Grupo de Artilharia de Campanha (GAC), coronel Luciano Américo Fonseca de Souza, a reencenação do disparo da Força Expedicionária Brasileira vai além de um ato simbólico: é a preservação de uma memória viva diante da sociedade.
“A reencenação do primeiro tiro de artilharia da FEB, realizado em 16 de setembro de 1944, é uma homenagem solene à coragem dos nossos pracinhas. Mais de 25 mil brasileiros, entre homens e mulheres, atravessaram o oceano em nome da liberdade, dos quais quase mil eram catarinenses, e muitos não retornaram. Hoje, 81 anos depois, rememorar esse disparo é reconhecer a bravura, a eficiência e o espírito de missão da artilharia de campanha do Exército Brasileiro, herdeira das tradições de tantos heróis”, ressaltou o coronel.
Emoção e reconhecimento
A encenação envolveu dezenas de militares e o Grupo de Reencenação Monte Castelo, responsável por recriar os momentos marcantes da campanha da Itália, como o disparo do canhão de 105mm e a rendição das tropas alemãs. Medalhas e honrarias foram entregues a autoridades e familiares de pracinhas, em reconhecimento à memória daqueles que participaram da guerra.
A presidente da Fundação Cultural de Criciúma, Cristiane Maccari Uliana Zappelini, ressaltou o caráter duplamente histórico do ato.
“Essas medalhas simbolizam o que de mais nobre há na história dessas pessoas, que dedicaram suas vidas a manter vivos ideais fundamentais: Igualdade, Liberdade e União. Um momento duplamente especial, relembrar esse momento histórico da FEB, realizado pela primeira vez em Criciúma, e também em celebração do nosso centenário de emancipação político administrativa”, pontuou.
História viva na educação
A solenidade também contou com a participação da Escola Municipal José Rosso, da Quarta Linha. Alunos do 4º, 5º e 9º anos interpretaram a Canção do Expedicionário, acompanhados pela banda do 28º GAC, e foram elogiados pelo comando do Exército.
“Parabéns a vocês, alunos, neste dia de hoje vocês não mediram esforço para honrar não apenas o Exército e os familiares, mas também a memória dos nossos bravos heróis tombados. Que esse espírito permaneça com vocês por muitos anos”, afirmou agradecido o Coronel Luciano.
Para a secretária de Educação, Geovana Zanette, a atividade reforçou o aprendizado histórico.
“Momentos como este são verdadeiras aulas ao ar livre, que aproximam nossos estudantes da história de forma viva e significativa. A encenação do primeiro tiro da FEB e a homenagem aos pracinhas permitem que eles entendam, na prática, valores como coragem, cidadania e patriotismo”, ressaltou.
O professor de História, Júlio César Alves da Luz, reforçou o impacto da vivência.
“Trabalhar a memória da participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial é essencial para que os estudantes compreendam o papel que o país desempenhou na luta pela democracia e contra regimes totalitários, como o fascismo e o nazismo. Embora nossa participação não tenha tido a mesma dimensão de outras nações, como Inglaterra ou Estados Unidos, o Brasil cumpriu um papel importante na libertação da Itália. Resgatar essa história é valorizar o esforço dos nossos pracinhas e reforçar o orgulho da nossa identidade nacional. Muitas vezes, nós mesmos subestimamos a relevância do Brasil no cenário mundial, por isso é fundamental manter viva essa memória entre as novas gerações”, destacou.

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