Envenenamento de cães no bairro Quarta Linha deixa protetores em alerta
Mesmo com a existência de leis que protegem os animais, inclusive prevendo punições como a prisão para quem pratica ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos, ainda é comum ouvir registros de envenenamento de cães e gatos na região.
A notícia de que mais dois cães, atendidos no Pet Shop de Natália da Silva de Souza, tinham sido envenenados, deixaram a empresária revoltada. “Muitos cães estão sendo envenenados na região do Bairro Quarta Linha, e o mais estranho é que muitos estão sendo envenenados dentro dos pátios dos donos. As pessoas tem que ficarem alertas e denunciarem quando existem suspeitas, para que se tenham registos e seja dada mais atenção a este crime que está se tornando corriqueiro na região”, afirma Natália.
“Em dezembro, ao chegar em casa após o trabalho, encontrei a minha cachorra Mel morta, com sinais de envenenamento. Ela estava dentro do meu cercado presa, ela não estava na porta de ninguém incomodando, ela não estava na rua fazendo algazarra ela estava no meu cercado”, relata agente comunitária Rivana dos Santos.
Conforme Rivana, sua casa possui câmera de vigilância, mas infelizmente não foi possível capturar a ação do criminoso. Segundo ela, a cachorra pitbull foi adotada, por estar abandonada, estava magra, machucada, e com sinais de que era usada como matriz de ninhadas, provavelmente com objetivo de lucro na venda dos filhotes.
Ela acredita que a intenção do envenenamento da sua cachorra, tenha sido para poder facilitar o acesso ao pátio da casa, para efetuar roubos. Já haviam acontecidos outras ocorrências de envenenamento naquela rua.
Maria Teixeira, moradora do bairro Quarta Linha, é protetora de animais a quatro anos, atualmente ela cuida de 27 animais, destes sete em sua casa e os outros de rua. “Eu tenho suportes de alimentação com ração em vários pontos do bairro, aonde eu faço a vistoria todos os dias para garantir que os animais tenham o que comer”, explica ela. Segundo Maria, durante todo esse tempo que se dispôs ao cuidado dos bichinhos, por diversas vezes foi surpreendida com a notícia de animais envenenados. “Muitos animais de rua que eu cuidava já foram mortos, e muito provavelmente por envenenamento devido a forma como são encontrados, e até hoje espero que essas pessoas sejam punidas por tamanha maldade”, ressalta ela.
A casa de Cristina Giassi, moradora na comunidade do HG, existe um espaço para recepção de animais de rua, todos os cachorros andarilhos que passam por ali, são acolhidos pela protetora. Em meados de outubro do ano passado, uma das cachorras de rua foi envenenada mesmo estando grávida. Os vizinhos logo que perceberam a mudança de comportamento do animal, se uniram e levaram para uma clínica veterinária, onde foi medicada. “Aguardamos 45 dias até o final da gestação. Dos 11 filhotes, quatro morreram, três nasceram doentes e dois foram salvos com medicamentos”, explica Cristina. Conforme ela, os animais recuperados ganharam peso, e foram encaminhados para adoção.
Veterinária atende em média três casos por mês de envenenamento de animais
Conforme a veterinária Talita Marcelino Salvador, que possui clínica no bairro Quarta Linha, é bem comum o atendimento a cães de moradores da região, que são vítimas de envenenamento. “Nos últimos três meses realizamos 10 atendimentos a cães com sintomas de envenenamento, fora aqueles em que as pessoas não conseguem trazer a tempo na clínica para atendimento”, relata a veterinária.
Conforme Talita, quando há sinais de envenenamento de animais, a recomendação é procurar imediatamente uma clínica veterinária, para tentar a reversão do quadro de envenenamento.
Caso não tenha condições no momento de levar o animal até um veterinário, pode ser medicado com carvão ativado (à venda em agropecuárias). Mas ela alerta, “tem que dar nos primeiros minutos do acontecimento. O ideal seria ter pelo menos algum pacote de carvão em casa para uma emergência para uso imediato, e logo depois, se possível levar o animal a uma clínica, para poder ser colocado no soro.
É muito comum as pessoas usarem leite na tentativa de salvar o animal, mas o leite pode ser perigoso, porque a acidez é diferente da do estômago. “Digamos, por exemplo, que o veneno seja ácido, o leite vai retardar a absorção e o corpo vai ter mais dificuldade em expulsar do organismo, ainda mais se estiver em estado de convulsão, porque no momento que for forçar a ingerir o líquido com muita força pode fazer com que vá para o pulmão”, alerta ela.
Os sinais de envenenamento são: salivação excessiva, vômito, diarreia, tremores, pupila dilatada, taquicardia (aumento da respiração, ofegante) e até convulsões podem acontecer.
Abandono também é uma triste realidade
“Em maio, eu e meu marido saímos para caminhar. Naquele dia por coincidência resolvemos andar na Rota do Imigrante, no Morro Albino. Ao passarmos pela estrada avistamos uma caixa de papelão e ao olharmos o que tinha dentro, e para nossa surpresa eram nove cachorrinhos. Abandonados para morrer, pois não tinham nem aberto os olhinhos ainda. Não pensamos duas vezes, recolhemos eles imediatamente e então estendeu-se uma corrente com vários personagens fundamentais em busca de salvarmos a vida deles”, relatou a professora de inglês Sandra Schwanck. Após o recolhimento da caixa com os filhotes, ela buscou amparo com veterinários, Salvador Comercial e Veterinária, que auxiliaram com instruções e até doação de leite com probióticos para amamentação imediata. O segundo passo foi divulgar a situação, na busca de cachorra que adotasse os filhotes e os amamentasse. “A Dona Maria Teixeira, protetora de animais aqui do bairro também não mediu esforços para nos auxiliar. No dia seguinte, depois de uma noite de muitas mamadeiras, com a ajuda da Katia Silva, conseguimos encontrar uma mãezinha adotiva”, explica Sandra. A cachorra Laila adotou imediatamente sete filhotes, que junto com seus três, formaram uma linda ninhada de 10 boquinhas famintas. Neste mesmo dia dois foram adotados definitivamente. Sandra ainda permanece acompanhando os filhotinhos, que já estão bem crescidos. “Agradecemos as famílias por tão prontamente nos acolherem e prestarem total assistência aos filhotinhos. Acompanhamos todos que adotaram e percebemos a imensa alegria e cuidado das famílias com estes bichinhos lindos”, conclui a professora.