ColunistasLúcio Vânio Moraes

“A mulher não deve ser comercializada como símbolo sensual: ela deve ser representada como símbolo de luta por sua emancipação social”

Por que comemorar o 8 de março como Dia Internacional da Mulher? Essa é uma pergunta que merece ter uma resposta a altura! Atualmente, a mulher tem conquistado os seus direitos e seu espaço. A emancipação da mulher tem sido tema de debates, palestras, seminários, assuntos nas universidades e em muitas publicações nas literaturas em todo o mundo. De forma concomitante, o tema mulher tem sido disparado também nas reportagens e noticiários de polícia, envolvendo as mulheres aos casos de abuso, ao feminicídio, homicídio e a violência contra a mulher.
Acredito que comemorar o 8 de março como Dia Internacional da Mulher é ainda uma luta constante de conscientização e de respeito que a sociedade no todo precisa ter para com as mulheres do nosso país e, de forma geral, no mundo inteiro.

Mensagens prontas e acabadas para homenagear as mulheres não devem ser compreendidas como forma de luta e de resistência na conquista dos direitos que elas possuem. A rigor, precisamos que nossos governantes, as Ongs, as instituições públicas e privadas, a sociedade civil, como também o campo do cinema e da música, criem políticas públicas para eliminar ou amenizar os problemas de preconceito e machismo que as mulheres ainda enfrentam na sociedade do século XXI. Precisamos que a produção artístico cultural, bem como as empresas de marketing, venham respeitar a função social da mulher na sociedade.

É notável que a comercialização do corpo da mulher, como símbolo de atração sexual vinculado ao mercado econômico, tem instigado em alguns casos aqui no Brasil, a violência sexual da mulher, o uso da imagem dela como um objeto que pode ser comercializado. No meu entender, algumas músicas produzidas no território brasileiro, não contribuem para o projeto de luta que as mulheres deram início por volta dos anos 1908 nos Estados Unidos. Tais músicas com palavrões sem contexto cultural, acabam desprestigiando o valor feminino das mulheres, na tentativa de torná-las como objeto ao campo da sensualidade. Palavras como “cachorra”, “vadia”, “vaquinha”, “piranha”, “cavala”, “eguinha” e tantas outras palavras atacam violentamente a moral das mulheres. Acredito que muitas mulheres não aceitam e rejeitam tais músicas, pois, querem respeito e serem valorizadas na sociedade.

Conforme Paula Nadal (2018) “as histórias que remetem à criação do Dia Internacional da Mulher alimentam o imaginário de que a data teria surgido a partir de um incêndio em uma fábrica têxtil de Nova York em 1911, quando cerca de 130 operárias morreram carbonizadas. Sem dúvida, o incidente ocorrido em 25 de março daquele ano marcou a trajetória das lutas feministas ao longo do século 20, mas os eventos que levaram à criação da data são bem anteriores a este acontecimento.”

Segundo a autora, desde o final do século 19, organizações femininas oriundas de movimentos operários protestavam em vários países da Europa e nos Estados Unidos. As jornadas de trabalho de aproximadamente 15 horas diárias e os salários medíocres introduzidos pela Revolução Industrial levaram as mulheres a greves para reivindicar melhores condições de trabalho e o fim do trabalho infantil, comum nas fábricas durante o período. (NADAL, 2018).

Importa salientar que aqui no Brasil, as movimentações em prol dos direitos da mulher surgiram em meio aos grupos anarquistas do início do século XX, que buscavam, assim como nos demais países, melhores condições de trabalho e qualidade de vida. É notável que a luta feminina ganhou força com o movimento das sufragistas, nas décadas de 1920 e 30, que conseguiram o direito ao voto em 1932, na Constituição promulgada pelo presidente Getúlio Vargas. A partir dos anos 1970 emergiram no país organizações que passaram a incluir na pauta das discussões a igualdade entre os gêneros, a sexualidade e a saúde da mulher. Conforme Nadal (2018), em 1982, o feminismo passou a manter um diálogo importante com o Estado, com a criação do Conselho Estadual da Condição Feminina em São Paulo, e em 1985, com o aparecimento da primeira Delegacia Especializada da Mulher.

Para finalizar, precisamos refletir melhor o dia 8 de março como Dia Internacional da Mulher e mandar mensagens para nossos produtores da cultura, aos políticos, às instituições religiosas e de forma geral a sociedade civil, que a mulher não deve ser veiculada como símbolo sensual para comercializar cervejas, cigarros, livros, automóveis e outros produtos. A mulher deve ser considerada e veiculada como símbolo de luta e de emancipação político social!

Palavras- chave: Dia da Mulher. Conquistas. Lutas Sociais.

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