Retirada dos trilhos da Ferrovia Dona Tereza Cristina em Maracajá em 1968

Até a primeira metade da década de 50 do século passado, a Ferrovia Dona Teresa Cristina em Maracajá e região, tornou-se elemento material e simbólico de representação do progresso. Porém, após a década de 50, com a presença de outros símbolos de modernidade, questionou-se a eficácia da ferrovia, implicando assim, sua retirada da cidade de Maracajá.
Analisando os indícios coletados, percebi que um dos elementos da retirada da ferrovia se deu porque a mesma não estava mais garantindo lucro ao governo Federal e por ser pouco utilizada. Em entrevista concedida no dia 7 de janeiro de 2004, o senhor Nivaldo José Rosa (65 anos), narrou que “como saiu a indústria do caminhão, ônibus e carros no Brasil (1950), então o pessoal da estrada de ferro e principalmente o governo, acharam que não precisavam usar mais o trem. Com o trem, o transporte tinha custo menor e por ser o único meio de transporte que existia. E toda a ferrovia passava por dentro das cidades, como aqui em Morretes, Criciúma, Tubarão e outras cidades. Depois que veio caminhão, as pessoas passaram a usá-lo e deixaram o trem. Assim, a estrada de ferro foi se terminando porque começou a dar prejuízo, pois, se estava trabalhando tinha que manter a manutenção da estrada e dos funcionários”. (Entrevista concedida a Lúcio Vânio Moraes).
Outro elemento para ser analisado em relação a retirada da ferrovia em Maracajá é a abertura da BR 101, acesso Maracajá – Araranguá na segunda metade da década de 60 do século passado. Dona Celestina da Silva Pereira (68 anos) disse que “a estrada de ferro saiu porque com a estrada de rodagem, melhorou o tráfego de caminhões e ônibus.” (Entrevista concedida a Lúcio Vânio Moraes em 19/03/2004). O senhor Adelário José Gonçalves (79 anos), aposentado da Ferrovia, afirmou que “os principais motivos da retirada da Estrada de Ferro em Maracajá, Araranguá, foi por causa da abertura da BR 101. As pessoas não quiseram mais transportar os produtos no trem. Os caminhões eram mais rápidos, seguros e se tinha mais lucro. Ai, o trem não dava mais lucro e foi tirado”. (Entrevista concedida a Lúcio Vânio Moraes em 10/05/2003).
A substituição da ferrovia pelo automóvel e rodovia, oportunizou para diminuição de cargas de mercadorias e pessoas para transportes. Ocasionando, a retirada da estrada de ferro Araranguá – Maracajá e Pinheirinho (Criciúma). Em 1967, surge um texto no jornal Nosso Jornal falando sobre a suspensão do ramal Araranguá- Pinheirinho. Por meio desse, observa-se que a resolução para retirada da estrada de ferro em Maracajá e Araranguá deu-se no mês de maio do mesmo ano: “para conhecimento dos interessados, comunicamos que o Sr. Presidente da Rede Ferroviária Federal baseado em despacho do Sr. Ministro dos transportes determinou a suspensão das operações ferroviária do trecho Araranguá- Pinheirinho. Esta resolução tem apoio em tópico publicado no Diário Oficial UDO no dia 08 de maio último com o seguinte teor: Proc. 1367- Rede Ferroviária Federal SA. Solicita a autorização para suspender tráfego do trecho ferroviário Araranguá- Pinheirinho, da Estrada de Ferro D. Tereza Cristina a partir do 1o de abril corrente.” (Jornal Nosso Jornal, Tubarão, 10 de junho de 1967, .n. 165, p. 12. Título: E. F. D. C.( Rede Ferroviária Federal S/ A.).
Segundo Sr. Valmor Teodoreto Réus (69 anos), para retirada dos trilhos vieram pessoas de Criciúma e Tubarão. “Quando paralisou o tráfego da ferrovia em Maracajá, eu fui transferido para Siderópolis. Quando foi para retirada dos trilhos, eu vim juntamente com mais turmeiros de Criciúma e Tubarão. Começamos de Barranca [Araranguá]. O trem com a prancha vinha na frente com os trilhos e dormentes e nós íamos tirando. Olha, era uns trinta homens, e, levamos mais ou menos uns 20 dias até Sangão.” (Entrevista concedida em 24/04/2004).
Palavras- chave: Ferrovia. Progresso. Memória.
Foto Arquivo do Centro Histórico Cultural Avetti Paladini Zilli