O trem cargueiro em Maracajá/SC (1921-1967)

Quando se deu o prolongamento da estrada de ferro de Tubarão (SC)- Araranguá (SC), os trilhos foram colocados somente até a localidade de Morretes, atual cidade de Maracajá (SC). Nesse sentido, aproximadamente até os anos de 1929, a Estação de Morretes tornou-se único local de acesso de mercadorias e de pessoas.
A primeira forma de transporte pela ferrovia foi o trem cargueiro. Esse trem transportava produtos alimentícios, também madeiras e outros produtos. O trem vinha somente até a estação. Isso fazia com que as pessoas das localidades vizinhas, como Barro Vermelho, Rio dos Anjos, Araranguá, Sombrio, Turvo, Ermo, Meleiro, Jacinto Machado e outras que eram mais próximas a Estação de Morretes, trouxessem de carro de boi, em aranhas ou a pé os produtos a serem transportados até o comprador.
Na fala do senhor Severino Costa de Mello ao recordar histórias do Araranguá diz que, “por diversos anos, a última estação era Maracajá. Nossos produtos iam para lá de carreta de 4 rodas. Já nessa época, eram poucas as carretas da praia que logo chegaram ao fim. Em Morretes, [Maracajá], já em 1925 havia tráfego”. (DALL’ ALBA, 1997, p. 60). O senhor Antônio Patrício da Silva da localidade de Barro Vermelho diz que “depois que abriu a estrada de ferro. Aí, o comércio era todo em Maracajá.” (DALL’ ALBA, 1997, p. 302). O senhor Júlio Squizzatto narrando histórias sobre a cidade de Meleiro lembrou também que, “ruins eram as estradas para ir a qualquer parte. Tudo em vargens, tudo atoledos. Nossa estação de estrada de ferro era Maracajá ou Araranguá. Nesse tempo usávamos a aranha como meio de transporte”. (DALL’ ALBA, 1997, p. 305).
Os produtos que vinham para estação a serem transportados eram diversificados. Vinha arroz, feijão, farinha de mandioca, latas de banha, milho, madeira, porcos vivos, plumas e outros. Dona Maria Rosa de Souza (80 anos), que foi moradora de Maracajá, mais conhecida por “Maria Pretinha” (in memorian), recorda que seu sogro [Sr. Cipriano de Souza], “tinha engenho de farinha no Rio dos Anjos [comunidade de Araranguá]. Quem trazia os sacos de farinha com carro de boi até a estação aqui de Morretes era meu esposo [Sr. Manoel Cipriano, hoje falecido]. Essa farinha era vendida para o Sr. Guerino De Lucca, que depois transportava no trem para Tubarão, Laguna. O Guerino morava perto da igreja [Igreja Católica, Rua Pedro Rocha], ali ele tinha um paiol de depósito. Ai por Barro Vermelho, Rio dos Anjos tudo farinhavam, trabalhavam no engenho. (Maria Rosa de Souza. Entrevista concedida a Lúcio Vânio Moraes dia 13/02/2004).
Palavras- chave: Trem de Carga. Mercadorias. Ferrovia.