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Mulheres transpõem barreiras e assumem posições em todas as áreas do agronegócio
Da manutenção de equipamentos à operação de trator e colhedoras, nas áreas industriais ou agrícolas, as mulheres estão conquistando cada vez mais posições no agronegócio. A Atvos, uma das maiores produtoras de bioenergia do país, estruturou um amplo programa para incentivar a equidade de gênero em suas nove unidades. Com nove mil funcionários, as mulheres representam 15% do efetivo da empresa, percentual acima dos 9,2% do setor, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
“Embora tenhamos uma porcentagem acima da média do setor, está abaixo do ideal. Por isso, desenvolvemos um plano com ações que incluem mapeamento de potenciais lideranças, capacitações, mentoria e adequação de estrutura. Queremos que as mulheres encontrem oportunidade e possibilidade de permanência e crescimento e, assim, a meritocracia possa prevalecer”, explica Silvana Sacramento, diretora de Pessoas da Atvos, empresa que aderiu, em 2019, aos Princípios do Empoderamento Feminino da ONU Mulheres.
Na Atvos, há um movimento para aumentar a presença de mulheres em funções majoritariamente executadas por homens. Elas estão assumindo posições de liderança e são referências para que outras mulheres busquem oportunidades no setor sucroenergético.
Quem está contribuindo na preparação de novas profissionais para ingressar na área é Patricia Jorgino da Paixão, 37 anos, que há oito anos é operadora de colhedora e se tornou a primeira mulher a assumir a função de multiplicadora na unidade da Atvos em Teodoro Sampaio, no interior de São Paulo. Na posição recém-assumida, ela é responsável por formar outras pessoas para a atividade. Patrícia era merendeira quando participou de um curso de operadores de trator promovido pela Atvos. “Deixei o emprego de merendeira para operar trator. Suriu a oportunidade para trabalhar com colhedoras. Decidi me reinventar novamente e aprendi a usar uma nova máquina. Agora, estou ensinando outras mulheres”, explica orgulhosa a funcionária.
Josiely de Jesus, 26 anos, é a única borracheira industrial na unidade da Atvos em Rio Brilhante, no Mato Grosso do Sul. A renda de Josiely era obtida em atividades informais antes de fazer o curso de borracheira e ser contratada para a área agrícola. Judite Alves, de 57 anos, também decidiu mudar sua trajetória. Ela atuava como auxiliar de serviços gerais na área administrativa da Atvos quando a empresa abriu um curso para formar operadores de trator. Ela enfrentou o desafio, concluiu o ensino médio, obteve a carteira de habilitação e, hoje, é destaque na função.
Entre as pioneiras em suas posições, está Fernanda Vieira Costa, 25 anos, que hoje é a primeira supervisora da área elétrica e de geração de energia da empresa em Rio Claro, no interior de Goiás. Ela lidera uma equipe de dezesseis pessoas, sendo apenas uma mulher, além de ser responsável técnica por um grupo de mais de quase 25 profissionais. “Aqui tenho acesso a todas as etapas do ciclo de energia em um único lugar – geração, distribuição e manutenção. E é um enorme aprendizado. Gostar do que se faz e querer se desenvolver superam qualquer preconceito. Lugar de mulher também é na indústria. Somos capazes de resolver qualquer problema, prático ou analítico”, orienta a engenheira eletricista que está acostumada a ambientes onde as mulheres são minorias. Durante sua graduação, eram apenas quatro em uma turma de quarenta estudantes.
Bianca Gomes Almeida é a primeira mulher a ser líder de tecnocalda na área agrícola da unidade da Atvos em Alto Taquari, no Mato Grosso. A agrônoma de 25 anos é responsável pelo preparo e aplicação de defensivos agrícolas e apoia equipes compostas em sua totalidade por homens. “O respeito é conquistado quando você mostra que tem capacidade e conhecimento. Encarar o campo é, por si só, muito desafiador, por isso, vejo que as mulheres que escolhem estar nessa área são determinadas e engajadas”, destaca.
Diversidade e Inclusão
A Atvos, aprovou uma política com orientações e responsabilidades, reforçando o compromisso em respeitar e valorizar as diferenças em todas as suas dimensões – raça, etnia, gênero, condição física, entre outros. Para sensibilizar e engajar a liderança e a equipe de recrutamento e seleção sobre a importância da criação de um espaço diverso e inclusivo, foram realizados encontros sobre vieses inconsciente e como esses preconceitos e estereótipos interferem na gestão de equipes e carreiras.
Um amplo mapeamento foi concluído e identificou cerca de 260 mulheres com potencial para assumir cargos de liderança ou serem promovidas em suas áreas. Essas profissionais integram um programa de aceleração que abrangerá cursos em conhecimentos técnicos específicos, workshops para desenvolvimento de habilidades comportamentais e mentoria.
No início do ano, a empresa formou treze operadoras de trator em um treinamento exclusivo para funcionárias. As participantes, identificadas no mapeamento, atualmente exercem outras funções na Atvos e terão prioridade quando as vagas surgirem.
Como forma de contribuir para a inserção das mulheres na agroindústria, a empresa realizou um programa de capacitação gratuito e exclusivo para mulheres que formou 25 moradoras de Nova Alvorada do Sul, no Mato Grosso do Sul. Essa sensibilização da população local é outra frente de atuação da empresa. Em 2019, a Atvos reuniu mais de 1,5 mil pessoas em oito cidades para discutir a inserção das mulheres no mercado de trabalho, provocando a participação dos homens nesta agenda.