Agricultura

Agricultores de Maracajá comemoram resultados históricos na colheita de arroz e milho

Se por um lado alguns setores reclamam de prejuízos neste período de pandemia, outros comemoram resultados históricos, como na produção de arroz e milho na região.
Segundo o engenheiro agrônomo da Epagri de Maracajá, Ricardo Martins, esse foi o efeito provocado pelo aumento do consumo durante a pandemia, somada as exportações e o clima favorável, contribuíram para a elevação do preço e aumento da produtividade do arroz.

“Na safra 2019/2020, a produtividade do arroz em Maracajá nos 1.850 hectares plantados, chegou a 165 sacas por hectare. Já nesta safra 2020/2021, a produtividade subiu para 178 sacas por hectare, ultrapassando 16 mil toneladas do produto”, comemora Martins.

Conforme ele, na safra passada o preço girava em torno R$ 50,00 a saca, enquanto este ano o valor chegou aproximadamente a R$ 90,00 a saca de 50 quilos.
“Outra cultura que também está se destacando é o milho, acompanhando os resultados da rizicultura. Na safra de 2019/2020 a saca de 60 quilos de milho custava aproximadamente R$ 60,00 e na safra 2020/2021 o valor gira em torno de R$ 90,00 a saca”, revela o engenheiro agrônomo.

Martins explica que no município são cultivados aproximadamente 500 hectares de milho, com a produtividade média de 90 sacas por hectare.
Segundo o agricultor da comunidade do Cedro, Rodenir José Gonçalves, as últimas três safras sido muito boas. “Em 22 anos plantando arroz, a safra do ano passado foi a melhor em produtividade, e de valor essa de 2020/2021”, revela Rodenir.

Conforme o agricultor, nesta safra a produtividade alcançou em média de 175 sacas por hectare, nos 45 cultivados.
“O valor da saca de arroz no ano passado estava sendo comercializado por R$ 50,00, já este ano cheguei a vender a R$ 90,00 a saca, mas agora nestes últimos dias o valor caiu para aproximadamente R$ 80,00”, conta.

Para o agricultor, além do clima ter contribuído para a qualidade do grão, as sementes da Epagri com melhoramento genético também foram fundamentais para estes resultados.
Rodenir procura vender o arroz que produz em três épocas, uma durante a safra, outra no final da colheita, e o restante no final do ano.

“Comercializo em três etapas para ficar com um valor médio na hora da venda. Com isso não acerto a venda total no melhor preço, mas também acabo não errando. Essa é a forma que acredito ser mais segura”, conclui.

Para o agricultor Ronaldo Medeiros da Garajuva, que cultiva 18 hectares de arroz, na Garajuva e no Cedro, este foi um ano muito positivo.
“Comecei o plantio no dia 13 de setembro de 2020 e terminei a colheita no dia 6 de março, no qual consegui atingir 175 sacas por hectare. Pra mim é uma produtividade muito boa, porque na safra passada a produtividade chegou a 170 sacas por hectare”, relata Medeiros.

Ele lembra, que na safra 2019/2020, o preço do arroz foi comercializado na média de R$ 56,00, já este ano o valor chegou a R$ 91,00.
“O resultado positivo desta safra, acredito que além do tempo, o aumento do consumo devido a pandemia, o cuidado com herbicidas e adubação, foram importantes para uma qualidade boa e alta produtividade”, afirma o agricultor.

Ronaldo disse estar arrependido por não ter vendido toda produção quando o preço estava mais alto. “Ainda tenho parte da produção e os valores já estão mais inferiores que no período da colheita, quando cheguei a vender por R$ 91,00. Por isso estou meio inseguro, porque não temos garantias se o preço vai continuar caindo ou vai subir”, acrescenta.

Desde 2003, Medeiros cultiva arroz, e segundo ele, esta safra pode se dizer que foi a melhor de todas. Conforme o agricultor da Garajuva, toda sua produção é comercializada através de cooperativa, porque acredita ser mais seguro na hora da venda.

Martins alerta para o Programa Terra Boa, do governo do Estado

Segundo o engenheiro agrônomo da Epagri de Maracajá, Ricardo Martins, alerta para o Projeto Terra Boa, do Governo do Estado, que está em vigor desde abril. “A expectativa é que acabe antes do previsto a distribuição dos insumos, pois a procura por sementes de milho e kit pastagem está elevada, inclusive a distribuição de calcário já terminou”, conta Martins.

Os incentivos são oferecidos aos agricultores incluídos no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – Pronaf.

Conforme Martins, no ano passado, o escritório da Epagri de Maracajá atendeu mais de 130 agricultores em programas governamentais. Foram distribuídos 585 toneladas de calcário, para 34 agricultores com subsidio de R$ 28.314,00. E 101 agricultores receberam 450 sacas de sementes de milho com subsidio de R$ 41.0,30,00. Dois agricultores receberam três kit pastagem com subsidio de R$ 4.306,00.

“No calcário o agricultor paga apenas o frete do insumo, já o milho o agricultor recebe o desconto da semente e paga na safra seguinte e no kit pastagem o agricultor recebe o desconto e paga no ano posterior”, explica o engenheiro.

Martins alerta que quanto mais cedo o agricultor solicitar as sementes e kit pastagem, melhor, pois a procura está grande e deixar para a ultima hora, alguém pode acabar não conseguindo o benefício. Outro fator é em relação ao período de plantio, Martins explica que o agricultor deve semear o milho na época correta, que inicia em agosto, para que a lavoura tenha um melhor resultado na produtividade e qualidade, além de evitar pragas, como a cigarrinha-do-milho, que vem atacando as lavouras em varias regiões do Estado.

“Este ano realizamos 221 visitas a produtores rurais do município, atendemos 592 pessoas no escritório da Epagri, realizamos 338 atendimentos remoto, 194 pessoas participaram de cursos e 37 pessoas de oficinas, totalizando 1.382 atendimentos realizados pela Epagri”, conclui.

Epagri divulga recomendações de manejo contra a cigarrinha-do-milho

Em Santa Catarina, a alta incidência da cigarrinha-do-milho, transmissora de agentes causais de doenças denominadas de enfezamentos na cultura do milho, tem causado impactos na produção do grão na safra 2020/2021. A presença desse inseto está fazendo com que os técnicos da Epagri reforcem as recomendações de manejo das lavouras visando reduzir a incidência de doenças transmitidas por ele na próxima safra, como escolha de híbridos tolerantes aos enfezamentos, uso de sementes tratadas com inseticidas, redução da janela de semeadura, entre outras.

Segundo a pesquisadora do Centro do Centro de Pesquisa para a Agricultura Familiar da Epagri em Chapecó (Cepaf), Maria Cristina Canale, milharais atacados pelo complexo de enfezamentos apresentam como sintomas avermelhamento e amarelecimento das folhas, encurtamento de entrenós com redução do porte das plantas, multiespigamento e a má formação de espigas e grãos, o que afeta diretamente o rendimento das lavouras. “Além disso, materiais que são altamente suscetíveis, em áreas de alta pressão de inóculo das bactérias dos enfezamentos, podem se tornar enfraquecidos e predispostos a incidência de outros patógenos oportunistas que podem provocar podridões do colmo e da espiga”, alerta a pesquisadora.

A cigarrinha tem preferência pelos estádios iniciais da cultura do milho e por conferir uma capacidade de migração muito alta, ela abandona cultivos em fase final para colonizar novos plantios. “Se a população de cigarrinhas migrantes apresenta indivíduos infectivos, ou seja, portando os patógenos dos enfezamentos, ela pode se dispersar causando um surto na lavoura ou na região geográfica”, diz a pesquisadora.

As características da planta com a presença de cada uma das doenças do complexo de enfezamentos, são:
Enfezamento-vermelho – As plantas exibem sintomas de avermelhamento nas folhas. Pode haver redução de crescimento e encurtamento de entrenós, proliferação de espigas, malformação de espigas, com falhas na fecundação e no enchimento dos grãos.

Enfezamento-pálido – O sintoma típico são as estrias cloróticas nas folhas (similar a um risco de giz). A planta também pode exibir amarelecimento e proliferação e malformação de espigas.
Quando infectadas pelo enfezamento-vermelho ou pelo enfezamento-pálido, as plantas de milho podem mostrar sintomas 30 dias após a infecção, mas, normalmente, os sintomas em campo são mais evidentes a partir da fase de pendoamento.

Virose-da-risca – Se manifesta em qualquer fase da cultura, e os sintomas são pequenas pontuações cloróticas quase que equidistantes umas das outras ao longo do limbo foliar, paralelas às nervuras da folha. Os sintomas aparecem entre sete e dez dias após a inoculação. Essa virose pode ocorrer simultaneamente aos enfezamentos vermelho e pálido.
De acordo com Maria Cristina, o manejo da cigarrinha-do-milho e do complexo de enfezamentos deve ser realizado de forma integrada e regionalizada, envolvendo instituições de pesquisa, assistência técnica, cooperativas, entidades representativas do setor e produtores de milho. Confira as principais ações.

O primeiro deles é a eliminação de milhos voluntários – também conhecidos como tigueras – durante a entressafra. “Essas plantas funcionam como reservatório tanto para os patógenos quanto para a cigarrinha-do-milho. Serve como local para sobrevivência desse problema do campo”, afirma Maria Cristina. Outra recomendação é evitar semear o milho ao lado de lavouras com plantas em adiantado estágio de desenvolvimento, principalmente se elas estiverem com muitas plantas com sintomas de enfezamentos, uma vez que as cigarrinhas tendem a migrar do milho mais velho para o novo cultivo.

Os técnicos da Epagri também aconselham sincronizar a semeadura de milho na região, determinando uma janela de semeadura. “Essa medida visa diluir a população de cigarrinhas na região, por meio da redução do período em que o milho se encontra disponível para esses insetos, principalmente na fase mais crítica”, explica a pesquisadora.

Maria Cristina chama atenção para a combinação e a escolha de híbridos com tolerância ao complexo de enfezamento. “É importante verificar a tolerância genética dos híbridos aos enfezamentos para a região, visto que um híbrido pode manifestar sintomas apenas em sua fase final e, ainda assim, resultar numa produção adequada, o que configura tolerância à doença”, diz ela.

Outra recomendação é utilizar sementes tratadas com inseticidas sistêmicos (neonicotinoides), utilizando produtos e doses recomendados para o controle da cigarrinha-do-milho.

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