Cultivo de cereais de inverno cresce na região
O tempo firme da última semana colaborou para o plantio de trigo na Serra Catarinense. Em Palmeira, a família Fiabane, associada Cravil, investiu na cultura de inverno em 63 hectares, área que no verão será ocupada pela soja. Na sexta-feira, dia 9 de julho, o trabalho na propriedade dos Fiabane foi acompanhado pelo secretário de Agricultura, Pesca e Desenvolvimento Rural de Santa Catarina, Altair Silva, pela presidente da Epagri, Edilene Steinwandter, pelo presidente da Cravil, Harry Dorow e pela prefeita e vice-prefeito de Palmeira, Fernanda Córdova e Sandro Masselai.
O plantio de cereais de inverno, como o trigo e o triticale, faz parte de um programa de incentivo do Governo de Santa Catarina que pretende ampliar em 20 mil hectares a área plantada. O objetivo da iniciativa que tem apoio das cooperativas e das agroindústrias catarinenses é reduzir a dependência de milho e os custos de produção de carnes e leite. “Tradicionalmente em Santa Catarina, no período de inverno, fazia-se apenas uma cobertura verde para facilitar a rotação de cultura, agora com os cereais de inverno o produtor passa a ter mais uma alternativa de renda. A agropecuária catarinense tem crescido muito nos últimos anos, e tem importado milho de outros estados para suprir a demanda. Nós estamos investindo fortemente no subsídio de sementes cereais de inverno, da ordem de 50%, para que o produtor invista na produção para fornecer insumos para a fabricação de ração. Ficamos muito felizes que o programa está sendo bem aceito”, ressaltou o secretário Altair Silva.
Na região de atuação da Cravil, a área de cultivo de cereais de inverno passou de 1250ha em 2020 para 5 mil hectares em 2021. “A Cravil começou há 3 anos um trabalho de incentivo ao plantio de trigo e triticale, implantamos áreas de extensão tecnológica para avaliar algumas variedades e o comportamento na região. Em 2019 recebemos 30 mil sacos entre trigo e triticale, agora, com o incentivo da Secretaria de Estado da Agricultura devemos receber 250 mil sacos entre trigo e triticale”, destacou o presidente da Cravil Harry Dorow. Segundo Dorow, o incentivo ao cultivo de cereais de inverno tem muitas vantagens, não somente aos produtores, às cooperativas ou para as agroindústrias, mas também para toda população catarinense. “Importando menos cereais de outros estados ou países, os recursos ficam dentro de Santa Catarina o que garante mais desenvolvimento para todos”.
O cultivo de grãos já é tradição na família Fiabane, de acordo com o produtor Heleno que já é a terceira geração, o trabalho iniciou com seus avós numa época onde tudo ainda era manual. “Hoje já com a ajuda de maquinários e mais tecnologia nós plantamos soja, milho, trigo e aveia. Começamos com o trigo e o triticale aqui no ano passado, e deu retorno, e como está com um preço bom esse ano decidimos investir em uma área maior. Além da renda extra, visamos a melhoria do solo e adubação, estamos fazendo a nossa parte, se Deus nos ajudar com o clima, tem tudo para ser uma ótima safra”. O plantio na propriedade dos Fiabane começou na semana passada, a previsão de colheita é para o início de novembro. “Entramos para a retirada dos grãos do trigo e já na sequência, sobre a palhada que fica, a plantadeira faz o plantio da soja”, conclui Heleno.
Para a prefeita de Palmeira, Fernanda Córdova, a família Fiabane é um dos exemplos de produtores rurais do município que tem investido cada vez mais na agricultura e na pecuária. “Nossa agricultura vem crescendo muito nos últimos anos, tanto no cultivo de grãos como na criação de gado, e essa diversidade é muito importante para o desenvolvimento do nosso município”.
Pesquisa, extensão e informação
A Epagri, empresa vinculada a Secretaria de Agricultura de Santa Catarina, é responsável por operacionalizar as políticas públicas e, no que se refere ao programa de incentivo ao cultivo de cereais de inverno, a equipe tem trabalhado fortemente com pesquisa para avaliação de materiais, buscando materiais que melhor se adaptem para as diferentes regiões do estado. Campos demonstrativos com trigo, triticale, centeio e cevada foram montados em parceria com as cooperativas, com a Cravil a área foi implantada em Ituporanga. “Com essa junção de esforços do Estado, das cooperativas, dos produtores e da iniciativa privada vamos tentando chegar ao nosso grande objetivo: Santa Catarina se tornando cada vez mais autossuficiente na produção de grão para atender o que tanto somos referência a proteína animal”, explicou a presidente da Epagri Edilene Steinwandter.
Paralelo ao trabalho desenvolvido em conjunto com a Epagri, a Cooperativa Cravil também vem trabalhando em três municípios com áreas de Extensão Tecnológica: Imbuia, Ituporanga e Palmeira. Só em Palmeira são 14 variedades, sendo 12 de trigo e 2 de triticale. Segundo o coordenador das extensões, o gerente de Inovação, Tecnologia e Sementes da Cravil, Gentil Colla Junior, cada campo tem um objetivo: o ensaio de materiais, avaliação do potencial produtivo dos materiais versus o manejo de fertilidade e utilização de nitrogênio versus regulador de crescimento. “Utilizamos essas áreas para testar e validar variedades que mais se adaptam para a realidade da nossa região, bem como analisar formas de manejo que possam extrair o maior potencial produtivo destes materiais”, finalizou.
Como funciona o Projeto
Os produtores rurais procuram as cooperativas agropecuárias participantes do Projeto para manifestar o interesse em fazer a semeadura de cereais de inverno. As cooperativas fornecem sementes e insumos para o plantio e o produtor faz o pagamento ao final da safra, quando entrega os grãos e recebem o subsídio de R$ 250 por hectare cultivado, limitado a 10 hectares por produtor.
Os grãos entregues pelos produtores às cooperativas são destinados a agroindústrias e fábricas de ração instaladas no estado. O Projeto segue o modelo do Programa Terra Boa, bastante conhecido pelos produtores rurais de Santa Catarina.
O incentivo para produção de cereais de inverno vem complementar outras ações desenvolvidas pelo Governo do Estado para aumentar o fornecimento de insumos.