Entidades de todo o país se manifestam contra a Reforma Tributária: “Senhores Senadores, não piorem o que já está ruim”
A Federação Nacional das Empresas Prestadoras de Serviços de Limpeza e Conservação (Febrac), com apoio do Sindicato das Empresas de Asseio, Conservação e Serviços Terceirizados de SC (SEAC-SC), e mais de 80 entidades ligadas ao setor produtivo e empresarial do Brasil se uniram para pressionar o Senado a não colocar em votação duas propostas que tratam sobre mudanças no sistema de tributação nacional.
“O setor de serviços é contra o Projeto de Lei 2.337/2021, que altera a legislação do Imposto sobre a Renda, e a PEC 110 que retira competência tributária dos municípios. Precisamos de um Brasil com grandes reformas, entretanto, elas precisam ser discutidas com a sociedade”, destaca o presidente do SEAC-SC, Avelino Lombardi.
A tramitação dos projetos (PL 2337/21 e a PEC 110), sem uma discussão madura e consensuada junto aos setores produtivos e consumidores da sociedade, irá resultar em graves e inoportunas divergências de opinião, indesejáveis em um momento de retomada da atividade econômica nacional.
“Apelamos aos senhores Senadores para que não cedam aos interesses políticos momentâneos e que se neguem a apreciar em momento tão inoportuno o PL 2337 e a PEC 110, dois projetos que além de serem tecnicamente deficientes e mal avaliados podem representar um empurrão em direção ao salto no escuro imposto à sociedade”, destaca o manifesto (confira completo abaixo).
FÓRUM INTERNACIONAL
Com a missão de não apenas criticar, mas debater as reformas e propor um modelo alternativo, as entidades se reunirão em Brasília, para o Fórum Internacional – Reforma Tributária, Simplificação e Justiça Social: O papel da Tributação sobre Movimentação Financeira.
O encontro ocorrerá no dia 24 em Brasília. O Fórum aproveita o momento de debate sobre reforma tributária no Congresso Nacional para dar sua contribuição. O objetivo é promover o diálogo sobre a construção de um sistema tributário mais justo e simples do que o atual.
Participarão especialistas do Brasil, da Suíça, dos EUA e da Hungria que falarão sobre o Imposto sobre Movimentação Financeira em palestras e conversas com o público presente. O evento é gratuito e terá transmissão ao vivo para todo o país.
CARTA-MANIFESTO
Confira o texto enviado aos senadores, na íntegra:
Senhores Senadores, não piorem o que já está ruim
Tem sido recentemente noticiado na imprensa que em breve o Senado Federal pretende colocar em votação dois projetos extremamente polêmicos, e sobre os quais não há um mínimo de concordância na sociedade brasileira: o PL 2337/21 e a PEC 110. A tramitação desses projetos sem uma discussão madura e consensuada junto aos setores produtivos e consumidores da sociedade irá resultar em graves e inoportunas divergências de opinião, indesejáveis por todas as razões possíveis em um momento eleitoral e de incipiente retomada da atividade econômica nacional, como o que o Brasil vive no momento.
Em manifesto anteriormente subscrito pelas entidades que assinam esta Carta, já manifestamos nossa opinião de que o Projeto de Lei (PL) 2.337/2021 (que altera o Imposto de Renda) foi votado na Câmara dos Deputados de forma extremamente açodada e descuidada, sem a necessária transparência devida à sociedade e sem debates nas Comissões Permanentes, em patente desrespeito aos parlamentares daquela Casa.
Reiteramos que várias razões aconselham a rejeição do PL 2.337/2021, dentre elas a falta de transparência do projeto, a ausência de um diagnóstico minimamente convincente sobre os problemas decorrentes da legislação vigente e a falta de estimativas acerca do impacto econômico de sua aprovação, principalmente os efeitos da tributação dos dividendos e da extinção dos juros sobre capital próprio (JCP).
Igualmente preocupantes são vários outros impactos esperados com a aprovação do PL 2337, como o aumento da carga tributária de muitas empresas e, principalmente, de pessoas físicas, em virtude da limitação à utilização do desconto simplificado, adotado por 2/3 dos contribuintes, atingindo especialmente as classes menos favorecidas da sociedade.
A PEC 110 é ainda mais temerária em seus efeitos na economia brasileira. Destacamos a agressão ao pacto federativo na medida em que retira competência tributária dos municípios e impede terminantemente que se tornem capazes de atender às demandas de suas populações. Igualmente grave será a provável inviabilização econômica de setores de atividade econômica intensivos em mão de obra, como o setor de serviços representados pelas entidades subscritoras desta Carta.
A carga tributária destes setores será aumentada em desproporcionalmente aos impactos que a PEC 110 terá em outros setores da economia, devendo acentuar um desequilíbrio tributário que poderá afetar apenas no nosso setor mais de 42 mil empresas que em seu conjunto empregam diretamente mais de 1,8 milhão de trabalhadores e que são justamente das camadas socioeconômicas menos favorecidas de nossa sociedade.
Apelamos aos senhores Senadores para que não cedam aos interesses políticos momentâneos e que se neguem a apreciar em momento tão inoportuno o PL 2337 e a PEC 110, dois projetos que além de serem tecnicamente deficientes e mal avaliados podem representar um empurrão em direção ao salto no escuro imposto à sociedade.
Reforma tributária exige debates e avaliações profundas acerca de seus impactos envolvendo os legítimos interesses de todos os setores da sociedade, bem como a participação essencial de especialistas independentes em sua formulação. Tais requisitos não estão sendo atendidos nos dois projetos em apreço, e por esta razão apelamos aos Senadores da República que os rejeitem, e deem início a um processo democrático e participativo de construção de uma ampla reforma tributária de que o país tanto carece.