Mesmo no inverno, os Manacás continuam embelezando nossas paisagens

Apesar de estarmos ainda no inverno, temos a paisagem de nossa cidade colorida pelas cores vibrantes dos manacás, uma planta nativa brasileira. Em nossa região, ela é encontrada em residências e praças, se tornando um verdadeiro cartão postal, como podemos observar na Praça da Matriz da Igreja Nossa Senhora da Consolata, no bairro Morro Estevão.
A consultora botânica e paisagista Neide Medeiros explica que existem três espécies: o Manacá-da-Serra (Tibouchinamutabilis) e o Manacá-da-Serra-Anão (Tibouchinamutabilis “nana”) são árvores nativas da mata atlântica e encontradas entre os estados de Santa Catarina e o Rio de Janeiro. “Manacá vem do tupi e “da Serra” é porque ele se desenvolve na região da Serra Mar. E há também o Manacá-de-Cheiro (Brunfelsiauniflora), esta não endêmica que é encontrada em quase todos os estados do Brasil.”, explica ela.
Uma curiosidade que muitas pessoas tem a respeito dessa planta, é sobre a sua coloração. E o que será que deve justificar essas cores? Segundo Neide, a coloração da planta é uma forma que ela possui de se comunicar com seus polinizadores. “Todas as flores do Manacá-da-Serra nascem brancas – sinalizando que estão prontas para a polinização, depois passam para o tom rosa claro – sinalizando que foram polinizadas e estão passando para o estágio final de vida, e finalmente ficam rosa escuro – sinalizando que estão encerrando seu ciclo de vida. Já no Manacá-de-Cheiro as flores nascem lilases e a medida que envelhecem e são polinizadas ficam brancas, além de possuir um forte perfume”, relata a consultora.
Ela esclarece que, o Manacá-da-Serra e o Manacá-da-Serra-Anão possuem a coloração que evolui do branco, passando pelo rosa claro indo até ao rosa mais escuro. Depois tem o Manacá de Cheiro, este sim possui flores brancas e lilases e possui um perfume bastante característico.
Sobre o cultivo dos manacás, a consultora tem uma dica importante, para quem já é “dedo verde” e para os iniciantes: o Manacá-da-Serra tradicional pode chegar até 12m de altura e floresce no verão. O Manacá-da-Serra-Anão, que foi uma mutação natural que ocorreu, pode chegar até 3m de altura e floresce no inverno. Já o Manacá-de-Cheiro floresce na primavera/verão.
Ambas as plantas são de sol pleno, ou seja, precisam receber sol o dia inteiro. Apreciam muita umidade, solo bastante nutrido com matéria orgânica e drenável e temperaturas quentes. São árvores com raízes bem comportadas e com crescimento relativamente rápido, sendo muito indicadas para o paisagismo urbano, pois não danificam calçadas ou estruturas. Se bem cultivados, podem viver até 20 anos.
Outra dica importante é que, os Manacás-da-Serra apreciam as regiões de encosta de serra, onde a umidade é mais presente, mas se adapta bem a regiões um pouco mais afastadas, mas que ainda possuam as características do clima da encosta.
Já o Manacá-de-Cheiro possui uma adaptação maior aos diversos tipos de climas do Brasil, sendo assim presente em praticamente todos os estados brasileiros e seus diversos tipos de solos, mas possui uma preferência maior a solos ricos em matéria orgânica e alta umidade.
“O Manacá-da-Serra tradicional, não aprecia o cultivo em vasos, somente no solo. Já a espécie anã e de cheiro podem ser cultivadas em vasos com no mínimo 80cm de profundidade, sendo a mais indicada para jardins devido ao porte final da planta. No entanto, é necessário atenção especial à espécie de cheiro, pois é uma planta tóxica”, orienta Neide.