Política

Projeto de Lei que alerta para o mutismo seletivo é aprovado na Câmara de Criciúma

Transtorno que acomete crianças e pode prejudicar a vida social acaba sendo confundido com timidez

Foi aprovado por unanimidade no Legislativo de Criciúma o Projeto de Lei (PL) 79/2022 de autoria do vereador Obadias Benones (Avante). O PL visa instituir, na Secretaria Municipal de Saúde, ações de capacitação aos profissionais, na rede pública de atenção primária, para o mutismo seletivo (DSM-IV/CID 10), um transtorno de ansiedade infantil complexo que, diagnosticado a tempo, pode ser revertido. Muitos pais acabam confundindo com timidez, mas o mutismo seletivo é caracterizado pela recusa em falar somente em determinadas situações. O PL agora segue para análise do prefeito Clésio Salvaro.O vereador contou na tribuna a sua própria experiência e vem estudando sobre o tema desde o ano passado para debatê-lo da melhor forma no Legislativo. Segundo ele, o primeiro diagnóstico é ainda na infância, entre três e seis anos.“Muitas crianças sofrem com isso e os pais não sabem do que se trata. Minha mãe conseguiu identificar quando eu ainda era pequeno, pois me comunicava em casa, mas fora não. Tinha dificuldade até de convencer a professora de que precisava ir ao banheiro. E não é timidez não, é um transtorno. E se não tratar de forma séria é um forte candidato a problemas de depressão, ansiedade e estresse, isso já na fase adulta, com um sério perigo, inclusive, de não constituir família, porque a pessoa não consegue se comunicar”, disse, reforçando que o tema ainda seguirá sendo discutido na Câmara.Obadias colocou que conseguiu reverter o quadro com apoio após o real diagnóstico e o tratamento devido. “E esse PL é simples, no sentido da sua elaboração, mas profundo na sua causa. É muito importante para as nossas crianças, para a nossa cidade”, apontou.Com a lei sancionada, a Secretaria Municipal de Saúde poderá promover ações de capacitação dos seus profissionais na rede de atenção primária e clínicas da família com objetivo de realizar o diagnóstico e tratamento das crianças e adolescentes. O órgão competente regulamentará a capacitação desses profissionais, seguindo o protocolo específico do transtorno. O Poder Executivo poderá regulamentar convênios e outras formas congêneres para a execução da Lei.Saiba maisO transtorno começa quando ainda quando criança. Geralmente, ela fala apenas com algum ou ambos pais e com algumas pessoas da família. Contudo, não verbaliza com a maioria das pessoas (professores, médicos, dentistas, outros familiares e desconhecidos). Prevalece em meninas e tem como comorbidade a fobia social, em 90% dos casos. Para o diagnóstico e tratamento é necessária a presença de um psicólogo e um psiquiatra na rede pública, que sejam especializados.É comum que os pais só notem após muitos meses ou anos de mudez, supondo que se trata apenas de timidez normal até que os prejuízos se tornam mais visíveis e significativos, como notas baixas, bullying, brigas ou atenção da professora ou da psicóloga escolar.Sintomas*Dificuldade para interagir com outras crianças;Falta de comunicação com professores;Dificuldade para se expressar, mesmo que através de gestos;Timidez excessiva;Isolamento social;Dificuldade em ir ao banheiro em ambiente não familiar, fazendo xixi nas calças, ou de comer na escola.

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