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Fim de ano: oportunidade para aprender sobre consumo consciente

Época de festas pode ser boa oportunidade para exercitar solidariedade, desapego material e combate ao consumismo

Vitrines coloridas e brinquedos da moda estão por todas as partes com a proximidade do Natal. Para onde quer que as crianças olhem, há um apelo implícito para o consumo. Nesta época do ano, quando é comum dar e receber presentes, pais e mães têm uma boa oportunidade para ensinar lições sobre solidariedade, desapego de bens materiais e educação financeira às crianças.

Seja nas tradições pagãs, seja no rito cristão, o Natal tem originalmente um significado de nascimento, reunião e felicidade. Sentimentos como o amor, a bondade, a gratidão e a generosidade são alguns bons exemplos do que essa data significa de verdade. No entanto, é muito difícil desassociá-la do consumismo, especialmente nos últimos anos. Até mesmo uma das figuras mais conhecidas do Natal, o Papai Noel, está diretamente relacionada à entrega de presentes para as crianças. Como, então, evitar que os pequenos sejam envolvidos pelo espírito do consumo, em vez do espírito natalino?

Para o coordenador pedagógico da Conquista Solução Educacional, Fernando Vargas, é natural ter dificuldades para lidar com esse apelo do comércio junto aos filhos. “Este é um momento muito bom para trabalhar diversos valores e princípios com as crianças e, por que não, até mesmo com os adultos. Para isso, deve-se estimular atitudes com palavras e, claro, com exemplos. Porque de nada vale falar e não fazer.” Ele explica que crianças pequenas, até os quatro ou cinco anos, não compreendem a relação de consumo e ainda não construíram a noção de dinheiro. “Para elas, o dinheiro nasce, sim, em árvore”, brinca.

Por isso, é muito comum que elas peçam aos pais que passem o cartão ou paguem com o smartphone no aplicativo do banco para adquirir o querem. “Os desejos infantis quase sempre passam longe do crivo da necessidade, pois são fortemente influenciados pela mídia e pelos colegas. As crianças são bombardeadas por anúncios de brinquedos, roupas e acessórios, além das comidas industrializadas”, destaca Vargas. É muito difícil explicar às crianças que elas não precisam de um brinquedo, um smartphone ou qualquer outro objeto de desejo delas.

Como ensinar o não consumismo?

Como tudo o que se deseja ensinar a alguém, educar crianças para que não sejam consumistas é uma construção que precisa ser feita desde cedo e se estender por toda a infância. Entre as coisas que precisam ser ensinadas, segundo Fernando, estão o impacto ambiental do consumo, a utilidade e o valor das coisas. Mas, nesta época do ano, uma boa estratégia pode ser atrelar o significado do Natal às boas práticas de consumo, como:

– o incentivo à doação e à troca de itens como brinquedos, livros, roupas e acessórios;

– a reutilização de embalagens e objetos sem uso, dando aos pequenos lições sobre criatividade e impacto ambiental;

– a demonstração de sentimentos e atitudes que não possuem valor monetário, como amor, carinho, felicidade, união, comunhão, etc.;

“Outra dica legal é ensinar sobre desejos versus necessidades. Faça um quadro – pode ser em uma folha de sulfite -, que registre com desenhos, recortes ou escrita quais são os desejos e as necessidades da família. Coloquem o que cada membro pode fazer para ajudar na realização desses desejos”, detalha Vargas. Ele afirma que o ideal é colocar essa folha em um lugar visível, como a porta da geladeira, para que todos possam ver e agir para a realização daqueles objetivos.

Quantos presentes posso dar às crianças?

O especialista destaca que definir a quantidade de presentes que as crianças receberão no Natal depende muito do contexto e da intenção dos pais. “Precisamos nos perguntar coisas como ‘por que comprar?’; ‘O que comprar?’; ‘Como Comprar?’; ‘Como usar?’; ‘Como descartar?’. De nada adianta querer ensinar algo sem praticar e servir de exemplo.”

Uma boa forma de lidar com a quantidade de presentes é associar o ato de comprar ou ganhar algo novo à doação de algo que já se tinha. “Gosto da ideia, independentemente da situação econômica da família, da relação ganhou: doou. Ou seja, ganhou algo novo, seja brinquedo, roupa ou sapato, doe outra coisa semelhante. Assim, serão praticadas diversas ações de aprendizados sobre educação socioemocional, financeira, empreendedorismo e projeto de vida”, finaliza.

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