A importância da terapia de casais na preservação e fortalecimento dos relacionamentos
“Fazer terapia de casal é cuidar de si e do relacionamento com atenção e carinho”. A reflexão é da terapeuta conjugal e sexual Elis Brun, que desde 2016 ajuda casais a se reconectar e fortalecer suas relações, enfatizando a importância da prevenção como solução mais eficaz e duradoura.
Elis destaca que, ao perceberem que a terapia não é apenas uma ferramenta para evitar a separação, mas um meio de aprimorar a relação, as chances de um convívio mais saudável e feliz aumentam significativamente. Nos últimos anos, o número de separações e divórcios no Brasil tem crescido expressivamente.
Em 2022, o número de divórcios no país aumentou 8,6% em relação a 2021, saltando de 386.813 para 420.039. Os dados, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), integram as Estatísticas do Registro Civil de 2022, que apontam o maior número de separações desde o início da série histórica em 2007.
O levantamento também revela que a idade média para o divórcio subiu nos últimos doze anos. Em 2010, as mulheres se divorciavam, em média, aos 39,4 anos e os homens aos 42,6 anos; em 2022, essas médias subiram para 41 anos para as mulheres e 44 anos para os homens. Os dados indicam ainda que quase metade dos casamentos que terminam em divórcio dura menos de 10 anos. Aproximadamente 47,7% dos casais se separam antes de completar uma década de união; 25,9% permanecem juntos entre 10 e 19 anos, e 26,4% se divorciam após mais de 20 anos de casamento.
As regiões Sul e Nordeste registram tempos médios de casamento superiores à média nacional, com 15,3 e 14,7 anos, respectivamente.
Nesse contexto desafiador, a terapia de casais se mostra como uma alternativa eficaz para preservar os relacionamentos. Elis, que atua na Bimae Clínica Integrada, localizada no Shopping Della, reforça que a terapia proporciona um ambiente seguro para que os parceiros expressem suas emoções, compreendam suas dificuldades e encontrem soluções para conflitos recorrentes.
“O papel do terapeuta é mediar o diálogo, promover o autoconhecimento e incentivar a autorresponsabilidade de cada um na relação. Quando os casais se dedicam ao processo, as chances de reconciliação aumentam consideravelmente. Se não fosse a terapia provavelmente o índice de separações e divórcios seria ainda maior”, explica Elis.
Benefícios da terapia e o caminho para a reconciliação
Elis destaca que mais de 90% dos casais que procuram terapia antes de optar pela separação conseguem se reconciliar. “O vínculo é fortalecido quando o casal resgata a conexão e adota uma comunicação mais assertiva, compreendendo as diferenças e individualidades de cada um”, afirma.
Durante o processo terapêutico, são abordados temas essenciais, como comunicação, sexualidade, finanças, comportamento e gerenciamento de conflitos. Sinais de progresso incluem maior qualidade de tempo juntos, melhora na vida sexual, redução de divergências e uma sintonia maior no dia a dia.
“Utilizo ferramentas comportamentais para trabalhar a autoestima e o autoconhecimento, além de abordar crenças e padrões que prejudicam a comunicação e a intimidade do casal. A evolução é acompanhada por meio de técnicas aplicadas em cada sessão, além de um monitoramento contínuo do desenvolvimento individual de cada parceiro, o que nos permite avaliar o grau de comprometimento de ambos em contribuir para a relação”, destaca a terapeuta.
Apesar dos benefícios da terapia, Elis alerta que, em casos de violência doméstica, abusos físicos, emocionais ou sexuais e traições irreparáveis, a separação pode ser a melhor solução. “Nesses contextos, a terapia pode auxiliar na transição para uma separação mais saudável e menos traumática”, observa.
Superando tabus e buscando ajuda
Embora a terapia de casais ofereça resultados comprovados, muitos casais ainda resistem em buscar ajuda devido à falta de informação, tabus em torno do tema e questões financeiras. “Infelizmente, muitos veem a terapia como um custo e não como um investimento na relação. Além disso, há a crença de que os problemas podem ser resolvidos sozinhos, o que nem sempre é verdade”, comenta Elis.
Ela acredita que a melhor maneira de desmistificar a terapia é divulgar seus benefícios e mostrar que seus resultados vão além do relacionamento, impactando positivamente a vida profissional, financeira e familiar dos parceiros.
“Quando os casais entendem que a terapia não é só para resolver crises, mas para fortalecer a relação de forma preventiva, eles passam a enxergar a terapia como uma aliada no caminho para uma convivência mais feliz e equilibrada”, afirma.
A importância da prevenção nas relações
Para Elis, a terapia de casais deve ser considerada uma medida preventiva, evitando que os problemas se agravem. Ela tem como objetivo alinhar e redefinir as expectativas de ambos os parceiros. “Para que a relação seja saudável, é essencial que os dois estejam bem individualmente. Por isso, trabalhamos tanto o desenvolvimento pessoal de cada um quanto a construção das metas e expectativas enquanto casal”, explica.
Conforme ela, o ideal seria que os casais buscassem ajuda antes que as crises se instalem. “A prevenção sempre oferece soluções mais rápidas e duradouras, pois permite que os parceiros desenvolvam habilidades para gerenciar conflitos e fortalecer o vínculo, sem chegar ao ponto de considerar a separação como única saída”, sublinha.
Ela finaliza reforçando a importância de encarar a terapia como uma forma de cuidado tanto com o relacionamento quanto com cada indivíduo.
“A prevenção é sempre o caminho mais eficaz, com menor custo emocional e resultados mais duradouros. Ela pode impactar positivamente o índice de separações tanto no curto quanto no longo prazo. Quando os casais entendem que a terapia é uma ferramenta para melhorar o relacionamento, e não apenas para evitar uma separação iminente, eles se tornam mais felizes e desenvolvem relações mais leves, saudáveis e duradouras”.
“Quando o casal alinha suas expectativas, tende a redescobrir afinidades que se perderam ao longo do tempo devido ao distanciamento. Com isso, conseguem retomar rotinas, se permitem inovar, se reconectam e passam a enxergar a separação como uma possibilidade distante”, finaliza.