Memória escolar de Maria Dilma Ramos Eyng(1960)

Dr. Lúcio Vânio Moraes (Historiador e professor)
E-mail: luciovaniomoraes@gmail.com
Nos depoimentos da senhora Maria Dilma Ramos Eyng, ela e os seus sete irmãos, nasceram em casa, com o auxílio de uma parteira, conhecida por dona Petrolina. “Era comum naquele tempo as mulheres terem o parto em casa, em virtude de não ter hospitais em nossa região. Durante os partos, existia ainda os momentos religiosos, as rezas, devoções e a fé. A dona Petrolina, era parteira muito conhecida por aqui na região, pois, tinha conhecimentos básicos em enfermagem e experiências na realização de partos. Os meus irmãos que nasceram por mãos de parteira, foram: Derneci Ramos Medeiros, conhecida como Nerce (in memoriam), Denei Prezalino Ramos, conhecido como Nei (in memoriam), Dorildo Prezalino Ramos, Dorival Casagrande Ramos, o David Ramos, eu, Maria Dilma Ramos Eyng, a Dorotéia Ramos Rocha e a Dione Ramos Cesa”. (Entrevista concedida ao autor em 30/10/2024).
A senhora Dilma Ramos Eyng veio para a cidade de Maracajá por volta do ano de 1959. Nasceu na comunidade de Taquara, e lá estudou o pré-escolare os anos iniciais. “Na verdade, eu fui alfabetizada pela minha irmã mais velha, a Derneci Ramos Medeiros. Ela lecionava na escola de Taquaras, era grande pedagoga e foi aluna da Avetti Paladini Zilli, considerada uma das melhores pedagogas daquele tempo. (Entrevista concedida ao autor em 2/11/2024).
A continuidade dos estudos da senhora Maria Dilma Ramos Eyng, ocorreu em Maracajá, na Escola Educação Básica Estadual Manoel Gomes Baltazarem 1959. Nesse período, quem administrava a gestão da escola, eram as religiosas da Congregação de Santa Catarina. (MORAES, Lúcio Vânio. Memória escolar e campo religioso:Identidade e Imaginário católico na Escola de Educação Básica Manoel Gomes Baltazar em Maracajá, 1959/1976).
Conforme os depoimentos da senhora Maria Dilma Ramos Eyng, nesse período, a EEB Manoel Gomes Baltazar possuía o imaginário católico muito presente na organização curricular do educandário. “Eu me confessava uma vez por mês! As professoras levavam os alunos até a igreja, que ficava próximo da escola. Eu tinha que decorar os pecados, por exemplo, brigar com os amigos, desobedecer a mãe, pai e outros. Eu queria dizer muitos pecados para o frei Eusébio e as vezes era para o padre Marcelo. Eu não entendia muito bem essa coisa de confissão. Era criança e não entendia bem. As professoras levavam as criancinhas em fila até a igreja. Eram as criancinhas da primeira série, segunda, terceira e da quarta. Nesse período, eu lembro mais da igreja nova, mas, fiz a primeira comunhão na igreja antiga. As professorasobrigavam todos irem se confessar. Naquele tempo, para fazer a primeira comunhão, tinha que fazer o jejum total da noite. Não podia botar nada na boca, não se podia comer, para fazer a primeira comunhãono outro dia. Participei da missa em jejum e depois fiz a primeira comunhão”. (Entrevista concedida ao autor em 2/11/2024).
Na próxima semana, descreverei a entrevista da senhora Maria Dilma Ramos Eyng, sobre Memória do “Secos e Molhados” em Maracajá (1960).
Identificação da foto: Primeira Comunhão de Maria Dilma Ramos Eyng- Maracajá (1960)
Fonte: Álbum familiar de Maria Dilma Ramos Eyng.
