“Secos e Molhados” em Maracajá (1960)

Dr. Lúcio Vânio Moraes (Historiador e professor)
E-mail: luciovaniomoraes@gmail.com
Os armazéns conhecidos “Secos & Molhados”, eram típicos comércios do século XIX e fins do século XX, era sinônimo do conteúdo de itens entre o sólido e o líquido, daí o popular tratamento a essas casas comerciais. Vendiam líquidos em garrafas de vidro, como o leite, querosene em latas, grãos, utensílios de uso doméstico e de trabalho na lavoura, sendo grande maioria dos seus produtos eram de origem artesanal e da agricultura familiar.
Conforme os depoimentos da senhora Maria Dilma Ramos Eyng, o seu pai, senhor PrezalinoManoel Ramos (in memoriam), ao chegar na cidadede Maracajá em1950, construiu um prédio, conhecido como um sobrado, que está localizado ainda no centro do município de Maracajá (Prédio onde atualmente está instalado O Mercado Duvivi). Nesse prédio, o seu pai fez um espaço comercial, como uma lanchonete, sorveteria e também tipo um armazém, conhecido como “Secos e Molhados”, que se vendia de tudo. “Quem vinha comprar nesse armazém, os sorvetes, picolés, alimentos, carnes e outros utensílios, eram os colonos do São Pedro, do Cedro, da Garajuva e do São Jorge, de Forquilhinha. Aqui em Maracajá, existia os grandes comerciais, como do meu pai, de Alfredo de Pelegrine, que tinha lojas de tecidos, do Ricardo Minatto, que tinha padaria. Aqui em Maracajá, era muito movimento, principalmente aos domingos, vinha muita gente para Maracajá por causa da missa e depois eles iam para sorveteria”. (Entrevista não gravada concedida ao autor no dia 2/11/2024).
A senhora Maria Dilma Ramos Eyng narrou que, nesse período, também ajudava os seus pais e irmãos na fabricação dos sorvetes, no atendimento do estabelecimento comercial e na comercialização dos picolés. Era eu, o Denei Prezalino Ramos, conhecido como Nei (in memoriam), e David Ramos,o Vivi, que fazíamos os picolés. Eles faziam os sorvetes, com leite da fazenda das nossas vacas, o coco e o abacaxi era natural. Eles fabricavam com a máquina que era de inox, era sorvete e picolé dentro das forminhas. Eles entregavam o picolé sem o plástico. Era tirado diretamente da forminha e entregue aos clientes. Com o tempo, colocaram os picolés em embalagens e vendiam nos jogos de futebol em outros locais do Maracajá. Naquela época, eu trabalhei também com o comércio. Mas, o meu maior sonho mesmo, era ser professora.
Identificação da Foto: Prédio construído da Família Ramos em Maracajá (1960).
Fonte: Arquivo do autor. Foto tirada em 2 de fevereiro de 2025.
