“Mulheres, reajam, denuncie”. Movimento realizado pelas redes sociais busca a punição contra a agressão doméstica
O recente caso de agressão cometido por DJ Ivis contra sua companheira dominou as redes sociais nesta segunda-feira. No entanto, além do aspecto penal, onde deve-se analisar as punições que tal situação exige, é chegado o momento de entender a questão mental por trás disso. Diante disso, uma campanha promovida pelo Centro de Pesquisas e Análises Heráclito conta com a participação de figuras públicas que aprovam essa prevenção. A proposta dessa iniciativa é reforçar que esse desvio de conduta merece punição, mas também requer um tratamento mental de quem o comete.
Diversas celebridades que aderiram à campanha, por exemplo a lutadora Cris Cyborg, a empresária e ex-panicat Carol Dias, a advogada e influenciadora digital Rafaella Ribeiro e a também influenciadora Anna Layza. Cris, por exemplo, revoltada com a agressão cometida por DJ Ivis, pede que as mulheres revidem essa situação: “Mulheres, reajam, denuncie. Um soco na cara desses monstros que não te respeitam”. Já Rafaella repudia toda e qualquer agressão às mulheres. “É inaceitável que tenhamos que lidar com esse tipo de atitude em pleno ano de 2021. Pior ainda é lidar com alguns posicionamentos no sentido de caracterizarem esses atos, como uma doença do ‘agente criminoso’. Nunca foi e nunca será! Isso é falta de caráter mesmo, desumanidade disfarçada de boas intenções! Que seja feita a Justiça de Deus e dos Tribunais!”, acrescenta. E Carol é taxativa: “Na minha visão isso não é uma questão de transtorno psiquiátrico, e sim de caráter da pessoa”.
Para a diretora do CPAH, a neuropsicóloga Leninha Wagner, esse desvio de conduta caracteriza um transtorno que define um comportamento socialmente inadequado ou agressivo: “A falta de controle da raiva, que é o principal sintoma do Transtorno Explosivo Intermitente (TEI), é quando essa pessoa está tomada por uma emoção negativa acaba explodindo e tendo este tipo de atitude. É preciso reforçar que deve ser feito um tratamento disso, ainda que a pessoa deva assumir seus atos, do ponto de vista legal”, destaca.
Leninha acrescenta ainda que “essa iniciativa foi tomada devido a pessoas na internet dizerem que isso é uma doença, também pelo fato de que isso está se tornando mais comum, não só este caso, mas outros casos impulsivos. Além disso, estamos preocupados com a saúde mental das pessoas, tanto é que o centro de pesquisas já perdeu a conta de quantos casos de pessoas sofrendo de problemas mentais relacionados à ansiedade e ao momento já se tornaram alvos de estudos por nossa equipe”, revela.
Além disso, a neuropsicóloga observa: “O excesso de ansiedade está revelando perturbações perigosas. A sociedade brasileira é a mais ansiosa do mundo. Essa atmosfera negativa eleva a ansiedade e o narcisismo resultante da necessidade de ser visto, da recompensa, está revelando a falta de empatia e transtornos ambientais perigosos”, detalha. Se a pessoa estiver descontrolada, Leninha lembra que ela tem consciência do seu estado. Daí se a situação chegar a este ponto, ela recomenda que as mulheres façam a denúncia o quanto antes, mas observa: “A pessoa que comete isso tem que entender que sofre de uma perturbação. E situações assim podem ser solucionadas ou devidamente tratadas com terapias”, completa.