Esta semana alunos da Escola Municipal José Rosso, do bairro Quarta Linha, em Criciúma, passaram a fazer parte de um projeto, que tem como objetivo principal, desenvolver através de pesquisas, dados sobre possíveis inundações, para que especialistas possam tentar identificar problemas e criar mecanismos para evitar alagamentos.
Esta pesquisa é parte integrante do projeto intitulado ‘Dados a prova d’água: engajando stakeholders na governança sustentável de riscos de inundação para resiliência urbana’. O projeto é coordenado pela
Instituto de Desenvolvimento Global Sustentável da Universidade de Warwick (Reino Unido), com a participação da Fundação Getúlio Vargas (Brasil).
Segundo coordenação da Defesa Civil na Região Carbonífera, Rosinei da Silveira, a metodologia envolve escolas, comunidades propensas a inundações e agências governamentais. Conforme ele, o projeto tem quatro objetivos:
1) Desenvolvimento de um aplicativo móvel para permitir que estudantes e cidadãos que vivem em áreas propensas a inundações gerem dados sobre os impactos locais das inundações, promovendo o aprendizado social sobre riscos de inundação e estratégias adaptativas;
2) Desenvolvimento de um conjunto de diretrizes descrevendo o uso do aplicativo e o envolvimento de cidadãos provenientes de áreas propensas a inundações e estudantes de escolas na geração de dados relacionados a inundações e melhoria da resiliência a inundações;
3) Uso do aplicativo móvel por alunos de aproximadamente 81 escolas em diversas regiões do território brasileiro para a geração de dados relacionados a enchentes e melhoria da resiliência a enchentes em comunidades vulneráveis, e;
4) Monitoramento e avaliação dos impactos da geração de dados para resiliência a inundações, consolidação das lições aprendidas e divulgação dos resultados para as principais partes interessadas.
Na segunda-feira, os cinco alunos selecionados na escola, aprenderam como construir um pluviômetro de garrafa pet, que será utilizado em casa, sob supervisão dos pais, para que seja registrado diariamente no aplicativo, o volume de chuva em cada ponto da comunidade. Além dos alunos, mais cinco moradores em pontos estratégicos do bairro, completam o grupo, que vai registrar os dados por aproximadamente um mês.
Rosinei explica que o uso do aplicativo móvel transformará a forma como os dados relacionados às enchentes são produzidos e circulam, criando arranjos de governança entre cidadãos, governos e especialistas em enchentes e, em última análise, maior resiliência comunitária relacionada a inundações em comunidades vulneráveis das cidades de São Paulo (SP) e Rio Branco (AC), Brasil.
“As informações que vamos compartilhar serão anonimizadas, criptografadas e armazenadas em laptops e servidores criptografados de propriedade da Universidade de Warwick (Inglaterra), e os dados serão acessados apenas pelos pesquisadores”, relata. Para o coordenador da Defesa Civil, este estudo proporcionará grandes benefícios para a comunidade local na tentativa de mitigar os impactos das inundações urbanas e aumentar a resiliência às inundações.
Moradores da Quarta Linha e Balneário Rincão vão realizar medições de chuva
Segundo Rosinei, as informações comunitárias colhidas através dos pluvipets, vão fortalecer os modelos matemáticos e estudos climatológicos para que possamos ter uma atualização sobre os processos de previsão do tempo.
Duas regiões foram escolhidas, o bairro Quarta Linha e Balneário Rincão, que também integra o projeto. “O bairro Quarta Linha foi escolhido vinculado ao Balneário Rincão, por ser uma comunidade onde a maritimidade e as condições de chuva no mar podem estar influenciando nos alagamentos, devido as elevações dos rios”, alega.
Conforme o coordenador da Defesa Civil do Estado, quando há elevação do nível do mar, as águas dos rios do bairro Quarta Linha, que desaguam na Bacia do Rio do Porcos e Rio Araranguá, podem estar sendo bloqueadas, como se formasse um paredão, impedindo que o fluxo de água siga em direção ao mar, ocasionando alagamentos.
“Vamos fazer esse experimento com a medição de chuva no Balneário Rincão e Bairro Quarta Linha, para que os nossos cientistas do projeto possam avaliar as condições atmosféricas climatológicas associada a essas medições de chuvas, para ver se esse comportamento está mesmo influenciando. Caso seja comprovada essa influência, da maritimidade, lua, maré de tempestade e quantidade de chuva, poderemos no futuro elaborar medidas preventivas até mesmo de evacuação em uma possível grande inundação”, explica Rosinei, frisando que este é um projeto inovador e inédito no País.
No Brasil, apenas regiões do Acre, Pernambuco, Mato Grosso, São Paulo e Santa Catarina, estão participando deste projeto, onde os dados serão cruzados para definir um melhor modelo matemático de previsões de chuvas, conclui.