Alunos brilham e superam nervosismo no palco do Teatro Elias Angeloni
A experiência de expor os seus primeiros trabalhos ou apresentar-se pode ser marcada por um misto de nervosismo e de orgulho. A coragem de entrar em um palco e mostrar o que aprendeu nos últimos meses ou anos, mesmo que na plateia estejam os amigos e familiares, é um momento para ser recordado e guardado. A meia luz, o palco parece maior do que ele realmente é, olhar para plateia e soltar a voz, soltar o corpo ou tocar algum instrumento. Muitos, na noite dessa última segunda-feira (31), tiveram o seu primeiro contato com o público, no Teatro Municipal Elias Angeloni. Esta proximidade com o público veio graças a Mostra de Oficinas de Artes, da Fundação Cultural de Criciúma (FCC).
Já nos primeiros momentos, com a organização e a movimentação de carros e artistas passando com figurinos, instrumentos e bordados, a atmosfera de cultura e arte começou a tomar conta do teatro municipal. Isso já era um gostinho do que antes estava por vir no palco. Logo na entrada, estava o stand dos projetos feitos pelas alunas da oficina de Bordado Livre. Muitos dos visitantes não conheciam e pararam, olharam e questionaram as técnicas executadas. A professora Fernanda Sabino, deixou para as alunas a missão responder os questionamentos das pessoas que chegavam.
“Foi a nossa primeira vez na Mostra das Oficinas de Artes e foi muito legal, pois teve um retorno do público, das pessoas que estavam ali para visitar outras oficinas e acabaram vendo o nosso trabalho, descobrindo e conhecendo sobre o bordado, muitos não saibam da oficina e descobriram porque estavam ali. Foi muito legal mostrar os trabalhos das alunas e mostrar essa evolução. Priorizamos o primeiro bordado e bordados mais avançados”, comentou a professora.
Ver a transformação de linhas e nos pontos em um desenho, uma mensagem ou até mesmo uma pintura foi um sentimento de orgulho para as alunas, que iniciaram nas aulas há 6 meses. “Me senti orgulhosa ao perceber a evolução desde os primeiros projetos e também feliz ao ver que as pessoas apreciaram e elogiaram as peças de todas as alunas”, lembrou a aluna Gisela Colombo de Freitas.
As aulas de bordados ocorrem todas as terças e quartas-feiras e estão atraindo a curiosidade dos criciumenses, com a junção de técnicas antigas, porém com uma nova roupagem. “Começou como uma curiosidade, pensando em bordar roupas e ecobags, e acabou virando uma nova paixão. A cada bordado finalizado aumenta a vontade de fazer melhor e iniciar projetos mais complexos e o apoio da professora e das colegas é essencial pra continuar evoluindo”, acrescentou.
Durante os encontros, a técnica não fica presa em apenas aprender novos pontos. A professora Fernanda deixa as alunas livres para se desafiarem e escolherem seus projetos pessoais, além de trazer novos elementos, como a mistura da aquarela com o bordado. A exposição reuniu o primeiro bordado, projetos pessoais e o contato com a aquarela. “Foi muito interessante ver, em tão pouco tempo, a evolução e o desenvolvimento das aulas, e para elas também conseguirem enxergar esse processo e essa caminhada dentro das artes manuais, mostrar e se desafiar em fazer um projeto diferente foi muito enriquecedor para as minhas aulas”, destacou.
Após passar pela bancada das aulas de bordado, os visitantes se dirigiram para dentro do teatro. O palco já estava montado, com alguns equipamentos a mostra, as luzes e a professora Deise de Godoy Marconi Peres chamando por apresentação. Nas cadeiras, familiares e amigos mostrando suporte, já que para muitos, era a primeira vez no palco. Deise apresentou um pouco o que seria aquela noite chuvosa de uma segunda-feira. E logo, as luzes escureceram e iniciou as apresentações. Cada um em sua maneira, sozinhos, em dupla, trio e em grupo.
Entre tantas apresentações daquela noite, teve o trio formado pelas trigêmeas Fabrini, Marihá e Aléxia Ribeiro, de 15 anos, que tocaram no violino a música Hallelujah. A performance foi acompanhada pelo público que apreciou cada segundo. Elas contam que esta foi a primeira vez no palco de um teatro. “Estar no teatro foi muito diferente, muito legal, quando estávamos lá na frente a gente sente um nervosismo, e depois que você entra na música é como tivesse só você ali”, lembrou a Marihá. “Antes de entrar, com a plateia no escuro, parecia que eu estava tocando no meu quarto”, falou. “Eu senti a mesma coisa, eu gostei muito de me apresentar, e quando a gente começa a tocar, a música flui”, acrescentou a Fabrini. “A gente fica um pouco nervosa, mas deu tudo certo”, completou Aléxia.
A Mostra das Oficinas ocorre há alguns anos, mas foi paralisada devido a pandemia de Covid-19 e retomada após dois anos sem ser realizada. “Tanto para os alunos, quanto para os professores, foi um momento ímpar de felicidade. A tradicional Mostra das Oficinas de Artes das FCC é um evento aguardado o ano todo pelos professores e alunos. Essas apresentações são importantes para os alunos se sentirem motivados a continuar, pois é o seu dia de subir ao palco e dar o melhor de si perante uma plateia.
Com isso, vamos ensinando a driblar o nervosismo, encarar e vencer os desafios. Aprender a prestigiar outras modalidades de artes e aplaudir os colegas”, reforçou a professora Deise.
Ela lembra que as oficinas iniciaram em 1991 e com o passar dos anos, se firmaram como referência no ensino das artes em Criciúma e nas cidades em redor. Além de estar como a apresentadora, ela estava como professora também e auxiliando os seus alunos, como a Emanuelle Beites, de 12 anos, que tocou no piano a música do filme Aladdin.
No caso de Emanuelle, era a sua terceira vez nos palcos. “Eu faço aula desde 2018 e minha família sempre teve contato com a música, porque minha mãe canta e meu pai toca, temos um estúdio em casa. É a minha terceira apresentação e mesmo assim a gente não esquece o nervosismo, mas depois o coração acalma quando a gente começa a tocar, e logo a sensação começa a ficar boa”, falou.
Além dos instrumentos, a noite contou com performance de técnica vocal. O aluno Augusto Fernandes, de 18 anos, que iniciou as aulas esse ano, soltou a voz interpretando a música Sinônimos. “Foi a minha primeira experiência sozinho no palco e foi tranquilo. A escolha na música foi natural, fui testando várias e escolhi essa. Quero continuar a me apresentar, foi uma boa experiência”, afirmou.
A mostra contou com 27 apresentações de piano, violão, acordeon, violino, teclado, técnica vocal, ballet e bordado livre. Perto das 22h, o público acompanhou a última apresentação. O último ato da noite foi reunir todos os alunos e professores para uma foto e uma troca de abraços. “As apresentações foram maravilhosas. Realmente o sentimento de que estamos no caminho certo. A arte e a cultura presente na vida das crianças, jovens e adultos. Feliz demais pelo espetáculo visto e ouvido”, enalteceu Deise.