Economia

Finanças em dia deve estar entre as principais metas de ano novo

Especialista em investimentos e educação financeira explica que ter o hábito de investir fará toda a diferença em 2023

O começo do ano vem cheio de expectativas, mas também cheio de contas para pagar. Desde os gastos parcelados do Natal e das festas de fim de ano, até as habituais despesas com matrículas, material escolar, IPTU, dentre tantas outras. E como a maioria das pessoas não traça um planejamento anual, acaba começando o ano com dificuldades financeiras.

Estar com a vida financeira em dia é um importante componente do bem-estar geral das pessoas e das famílias. Mas infelizmente, de acordo com o CNDL/SPC Brasil existem atualmente 65 milhões de brasileiros inadimplentes, isto representa aproximadamente 40% da população adulta do país. Um cenário grave, causado pela ausência da educação financeira ao longo dos anos. A grande maioria das pessoas está nessa situação por não respeitar o próprio padrão de vida.

Por isso, é fazendo o controle do orçamento que conseguimos administrar bem a vida financeira. Com planejamento fica mais fácil estabelecer prioridades e identificar possíveis desperdícios de dinheiro.

Então, antes que este Novo Ano entre no modo automático, inclua nas suas metas de 2023:

•           Gastar com o que é necessário;

•           Economizar no que é possível;

•           Investir com maior disciplina.

A Gerente de Investimentos e Educação Financeira da Unicred Central Conexão, Vivien Aucar, explica que com o orçamento em dia é hora de adotar um hábito financeiro que fará uma enorme diferença na vida: investir regularmente, aproveitando a alta da Selic. E para isso, ela tira algumas dúvidas sobre os produtos que as principais instituições financeiras oferecem:

É verdade que o Brasil tem uma das maiores taxas de juros reais do mundo?

É isso mesmo. Em um ranking com 40 países, se considerarmos as taxas de juros atuais descontadas a inflação projetada para os próximos 12 meses, o Brasil apresenta juros reais de 8,16%, ficando em primeiro lugar, logo em seguida vem o México (5,39%), levantamento da Infinity Asset.

Por que a Selic está subindo? 

A taxa de juros é o principal instrumento de controle da inflação, que está acima da meta. Por isso, o governo vem subindo os juros e adotando uma política monetária mais restritiva como forma de tentar manter o IPCA (índice oficial da inflação no Brasil) dentro da meta estabelecida.

Quais são os principais investimentos que se beneficiam com a alta da taxa básica de juros?

A alta da Selic traz ganhos principalmente para investimentos de renda fixa pós-fixados ao CDI, aqueles que acompanham a mesma tendencia dos juros. Existem diversas modalidades disponíveis, como:

•           RDC ou CDB

Assim como existem os títulos públicos, existem os títulos privados. Os RDCs (Recibo de Depósito Cooperativo) ou CDBs (Certificado de Depósito Bancário) são títulos emitidos por instituições financeiras (cooperativas ou bancos) e remuneram o investidor em um percentual geralmente atrelado à variação do CDI. Estes investimentos contam com a proteção do Fundo Garantidor, que assegura até R$ 250 mil por CPF e instituição financeira.

•           LCI e LCA

Outra boa opção de investimento com o atual cenário de juros no Brasil são as Letras de Crédito. Tanto a LCI (Letra de Crédito Imobiliário) como a LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) são títulos privados de renda fixa (que podem ser pos fixados ao CDI) e lastreados em crédito do mercado imobiliário e do agronegócio, respectivamente. Uma das vantagens que mais chamam a atenção nesse investimento é a isenção do Imposto de Renda para pessoas físicas.

•           Investimentos atrelados à inflação

Os títulos atrelados à inflação (IPCA) possuem também uma parcela prefixada, que garante o retorno acima da inflação. Esta parcela prefixada poderá será maior ou menor de acordo com o nível de juros no momento. Investidores que adquirem este tipo de ativo com uma boa precificação, poderão se beneficiar tanto com a alta da inflação, quanto pela parcela pré, se forem levados até a data de vencimento.

•           A poupança ainda vale a pena?

Você já deve ter ouvido falar que quando a SELIC está maior do que 8,5% ao ano, a regra da poupança garante o rendimento de 0,5% + TR (Taxa Referencial) ao mês. Mas será que isso é vantajoso? A resposta é não, afinal, o investidor estará limitado a este rendimento que não garante retornos acima da inflação. Isso faz com que a poupança corra o risco “silencioso” de apresentar ganho real negativo.

•           E a renda variável, como fica?

Embora a renda fixa ofereça boas oportunidades de retorno para os investidores, a diversificação da carteira continua sendo a melhor opção. Em um cenário de volatilidade na bolsa, sempre surgem boas oportunidades para os fundos de ações e multimercados adquirirem ativos com potencial de valorização, assim como a compra direta em ações.

Outra estratégia muito favorável na renda variável é a exposição ao cenário internacional por meio de BDRs (Recibos de Ações Estrangeiras negociadas na Bolsa Brasileira). Existem excelentes fundos de investimentos que apostam nestes ativos e que podem ser uma boa forma de proteção da carteira do investidor.

De acordo com a especialista, é importante contar com orientações de profissionais para ajudar a montar e revisar periodicamente a carteira de investimentos.

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