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Após 77 anos, Padaria Minatto se despede dos clientes

Nos dias de hoje, não é nada fácil abrir uma empresa, e mais difícil ainda é mantê-la por três gerações e completar 77 anos no mesmo local.
Isso aconteceu com a Panificadora Minatto de Maracajá, mas que por problemas de saúde na família e falta de mão de obra, vai encerrar as atividades nesta sexta-feira (26).
Para Jean Minatto, neto do fundador da padaria, este é um momento difícil, pois são muitas lembranças. “As vezes precisamos tomar decisões que não são fáceis, e essa é uma delas. Desde quando assumimos a empresa, a mão de obra foi ficando cada vez mais difícil de encontrar, tanto que nesse ano estamos trabalhando na produção eu como padeiro e a minha esposa Simone como confeiteira, por falta de profissionais nestas áreas”, revela Jean.
Ele explica, que a Simone teve câncer maligno de mama há 6 anos. “Minha esposa enfrentou um tratamento com quimioterapia, cirurgia para retirada da mama, radioterapia, e alcançou a cura, graças a Deus, mas no mês passado, depois de fazer exames de rotina, apareceu um câncer na outra mama”, lamenta Jean.
Devido ao tratamento que inicia no final deste mês, Simone terá que se ausentar da empresa por um longo período. “Por esse motivo decidimos encerrar as atividades da padaria nesta sexta-feira 26/07/24. Eu vou precisar estar ao lado dela mais do que nunca nesse período, que com certeza e com a graça de Deus, venceremos novamente”, afirma ele.
Jean explica o que ainda não pensou sobre o que vai fazer no local. “Encerramos as atividades com a certeza de cumprir a nossa missão em mantermos aberto por todos esses anos, pois minha mãe também teve que parar em 2002 devido ao câncer, foi quando assumimos e compramos a padaria.
Neste ano vamos cuidar da nossa saúde, e no próximo ano pensamos em outro seguimento de comércio neste local, que não seja padaria.
Padaria iniciada em 1947
Fundada em 1947 pelo casal Ricardo e Amélia Minatto, em uma casa de madeira com menos de 100m2, a panificadora funcionava com forno à lenha construído com tijolos, cilindro manual, a masseira, que servia para misturar os ingredientes da massa, era de madeira, relata o filho do fundador, Antônio Minatto. “A produção era pequena, pois na época as pessoas costumavam fazer pão em casa”, conta ele.
As primeiras entregas eram feitas à cavalo, na casa do cliente, e a produção de 100 pães por dia, atendia toda clientela de Maracajá, conta Minatto.
Por pouco a trajetória da panificadora não foi interrompida. Isso porque cinco anos após o início das atividades, um incêndio destruiu as instalações, que aos poucos foram reconstruídas, disse Minatto.
Os filhos de Ricardo, Antônio e Anelson, assumiram a empresa em 1965, mesmo ano que a empresa comprou o primeiro carro para entrega dos pães.
A sociedade entre os irmãos seguiu até 1997, quando Antônio e Walda Minatto compraram a parte de Anelson. Cinco anos depois, a terceira geração da família, Jean, assumiu os negócios comprando a empresa dos pais.
Jean a esposa Simone Minatto, empreenderam por 22 anos. “Tocar uma panificadora, não é um serviço fácil. Levantar cedo, dormir tarde, mas hoje a maior dificuldade ainda é encontrar mão de obra”, alerta.
“Há nove anos deixamos de trabalhar com entregas, priorizando o atendimento no balcão”, diz o proprietário.
Segundo ele os custo não estavam compensando, além da falta de padeiros, devido os horários de trabalho que iniciavam às 3h da madrugada, para poder fazer a entrega antes do café da manhã dos clientes.
Antônio e Walda, pais de Jean, ainda moram anexo à padaria. Antônio, que completa 79 anos no próximo mês, diz que aos 15 anos até tentou trabalhar na construção civil, mas como viu que o serviço era ainda mais pesado, desistiu.
Lembra ele, que passou muito trabalho durante os 50 anos trabalhando na entrega, principalmente no início quando as estradas eram precárias, mas que a maior satisfação é quando encontra os amigos e clientes de toda região que fazia entrega.

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