Elisa Fatima Stradiotto estudou João Maria de Jesus com base em Jung

A psicanalista Dra. Elisa Fatima Stradiotto analisou em sua tese, as ações e as representações arquetípicas do monge João Maria de Jesus nas perspectivas de Jung. Conforme a autora, pesquisar o objeto de estudo “Arquétipos que curam: representações do monge João Maria de Jesus na perspectiva junguiana”, exigiu que eu fizesse investigações em dois campos de estudos das ciências humanas, a saber: a História e a Psicanálise (Stradiotto, 2025, p. 19).
Na acepção da autora, “a História, ciência que estuda as ações do ser humano no tempo e no espaço, trabalha com os conceitos de memória, tempo cronológico e espaço geográfico, que possibilita identificar historicamente e geograficamente o monge João Maria de Jesus no período da Guerra do Contestado nos estados de Santa Catarina (SC), Paraná (PR) e suas trajetórias no Rio Grande do Sul (RS)” (Stradiotto, 2025, p. 19).
Na Psicanálise, campo de investigação da autora, que estuda a psique humana e o inconsciente coletivo, o monge João Maria de Jesus é analisado pelo viés dos conceitos de arquétipos, representações simbólicas arquetípicas e cura, por meio dos estudos do médico, psicanalista e psiquiatra suíço Carl Gustav Jung (Stradiotto, 2025, p. 19).
Na tese de doutoramento de Stradiotto (2025), a Guerra do Contestado, ocorreu em dois estados no Sul do Brasil, Santa Catarina (SC) e Paraná (PR), durante os anos de 1912 a 1916 e abrangeu uma região que atualmente equivale a aproximadamente 1/3 do território catarinense, abrangendo o Meio Oeste, o planalto norte e a região serrana, e, mais parte do Sul e Sudoeste do Paraná (PR).
No objetivo de compreender o processo histórico da Guerra do Contestado, a autora Stradiotto (2025), dialogou com Tomazi (2009), que descreveu o termo “Contestado” remonta a meados do século XIX quando teve início a disputa dos limites territoriais entre os Estados de Santa Catarina (SC) e Paraná (SC). “Tal disputa só foi concluída em 1916, ano em que foi assinado o acordo definitivo sobre os limites entre os dois estados” (2009, p. 90).
Ainda na visão de Tomazi (2009, p. 91 apud Stradiotto, 2025, p. 19), cerca de 2/3 de toda a força militar existente no Brasil, na época, foi utilizada contra o movimento do Contestado. Foram colocados nas mãos dos militares e vaqueanos, canhões, metralhadoras e até mesmo aviões, com a finalidade de “limpar a área” que deveria ser colonizada e modernizada. Ao que tudo indica, a elite do Brasil queria acabar com o atraso do sertão e com as superstições e misticismos que dominavam mentes e corações de grande parte de sua população. Acreditavam que só assim este país poderia avançar, evoluir, progredir, desenvolver-se e industrializar-se. Na região do Contestado, para acabar com mitos, fantasias, ignorância e fanatismo, dos quais as culturas religiosa e popular encontravam-se recheadas, foi necessário fomentar uma guerra e acabar com grande parte da população que habitava a região.


Identificação da Foto: Dra. Elisa Fatima Stradiotto em seu consultório. Data: 31/03/2025. Fonte: Arquivo digital de Lúcio Vânio Moraes.
Identificação da Foto: Monge João Maria de Jesus. Fonte: (Stradiotto, 2025, p. 53).
