Comemorar os 200 Anos de Independência do Brasil e problematizar sobre os escravos e indígenas
No texto dessa semana pretendo representar o processo histórico dos 200 anos de Independência do Brasil. Penso que seria indelicadeza intelectual se não tivesse escrito um texto para problematizar tal acontecimento histórico. Afinal, devemos “comemorar” ou “celebrar” a independência do Brasil?
Para os historiadores brasileiros Leandro Karnal (2022) e Eduardo Bueno (2022), a palavra “comemorar”, tem origem no latim que significa lembrar um acontecimento, uma data, um fato histórico importante. Na visão dos autores, comemorar é diferente de “celebrar”, que representa a ideia de fazer festividade, enaltecer a Independência.
O processo histórico que antecede a Independência do Brasil no ano de 1822 é representado por Karnal, Bueno, Schwarcz e Starling como momento de interesses políticos e econômicos da parte de Portugal. A vinda da família real portuguesa, fugindo das tropas francesas que invadiram Portugal, já é exemplo desses jogos de interesses. No entanto, a chegada da família real no Brasil deve ser analisado de forma positiva, pois, ocasionou uma série de mudanças que contribuiu para o desenvolvimento comercial, econômico e, em última instância, possibilitou a independência do Brasil. Além disso, o Brasil experimentou, em seus centros, um grande desenvolvimento resultado de uma série de medidas implementadas por D. João VI, rei de Portugal. Segundo as historiadoras Schwarcz e Starling (2015) a presença da família real no Brasil havia proporcionado grandes avanços, mas, ainda assim, demonstrações de insatisfação aconteceram por meio da Revolução Pernambucana de 1817.
A mudança da família real para o Brasil havia resultado em grande aumento de impostos e interferido diretamente na administração da capitania. A Revolução Pernambucana de 1817 foi reprimida violentamente. Três anos depois dessa repressão, o rei D. João VI teve de lidar com insatisfações em Portugal que se manifestaram em Revolução Liberal do Porto de 1820. Esse foi o ponto de partida do processo de independência do Brasil. Entre as consequências do processo de independência do Brasil após a data oficial do dia 7 de setembro de 1822, podem ser mencionados: surgimento do Brasil enquanto nação independente; construção da nacionalidade “brasileira”; estabelecimento de uma monarquia nas Américas (a única no continente junto da haitiana e mexicana); endividamento do Brasil por meio de um pagamento de 2 milhões de libras como indenização aos portugueses.
Comemorar os 200 anos de Independência do Brasil é ato de exercício de cidadania para problematizar questões do passado e as que permanecem no Brasil atual. Naquele tempo a independência do Brasil não trouxe benefícios e nenhuma melhoria na vida dos escravos e dos indígenas. O processo de escravidão se manteve no Brasil com mais rigor e punições aos negros e aos indígenas. Os indígenas que era maioria no Brasil daquele tempo, foram excluídos e menosprezados das políticas sociais, vivendo assim, sem condições dignas de sobrevivência. Após 200 anos de independência da nossa nação, é perceptível ainda que os indígenas, bem como a população preta e parda, sofrem preconceito, são discriminados, esquecidos pelas políticas públicas e sociais. Além disso, estão sendo rejeitados pela segurança pública e órgão competentes, sendo mortos, violentados diariamente por grupos exploradores, elite rica, com pensamentos parecidos ao dos portugueses que criaram, fabricaram a independência do Brasil, simplesmente para manterem-se no poder em nossa nação. É tão verdade que o Brasil foi declarado independente, em uma monarquia que foi governada por D. Pedro e depois pelo filho D. Pedro II. Ou seja, a família real portuguesa em um golpe, muito embora com muitas resistências do povo brasileiro, mantiveram-se na direção da nação Brasil!
Palavras-Chave: Independência. Política. Discriminação Social.
Foto: Independência ou Morte.
Fonte: Arquivo da Arte. https://www.historiadasartes.com/sala-dos-professores/independencia-ou-morte-pedro-americo/
