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Lúcio Vânio Moraes

Após acidente de 17 de agosto, Dado reforça mensagem de gratidão pela vida

As entrevistas com José Eduardo Farias Ramos, conhecido carinhosamente em Maracajá como Dado, foram realizadas nos dias 11, 12, 14 e 19 de novembro de 2025, em sua residência. Os encontros aconteceram sempre com a presença de sua mãe, Rosane Farias, que também colaborou com suas lembranças. Cada entrevista teve duração aproximada de 1h30min.

Neste texto, serão abordados dois momentos marcantes na trajetória de Dado: um período de dor e incerteza que abalou sua família e amigos e outro de superação, esperança e renascimento, considerado por muitos um verdadeiro milagre.

O episódio que mudou sua vida ocorreu em um sábado, 17 de agosto de 2013, por volta das 16h, quando o carro em que Dado e dois colegas estavam sofreu um grave acidente na marginal da BR-101, próximo à comunidade de Espigão da Toca, em Maracajá. Além de Dado, estavam no veículo Geovane Zandonadi, motorista, e Dinarte BieseckGomes, o Bida.

Dado recorda que aquele havia sido “um dia lindo, de confraternização pelo aniversário do nosso amigo Boca (Valmir Carradore), na residência do Toninho Ratinho. Estávamos voltando para casa. Eu ainda iria trabalhar em um evento, mas o acidente mudou completamente a nossa vida”.

Segundo sua mãe, Rosane Farias, o filho permaneceu 16 dias na UTI do Hospital São José, em Criciúma, em coma, inconsciente e dependente de aparelhos.

Rosane Farias relatou que nesse período, ela seguia a rotina: “O Dorildo me levava ao hospital às 6h e me buscava por volta das 21h ou 22h. Passei muitos dias sentada no banco em frente ao hospital, aguardando o horário das visitas e a oportunidade de conversar com a equipe médica”.

Conforme Rosane, no dia 1º de setembro, os médicos decidiram transferi-lo para um quarto, onde permaneceu por 73 dias, ainda em coma e alimentando-se por sondas. Os primeiros médicos responsáveis foram Dr. André Nesi e Dr. Rafael Garboloto, além de outros profissionais que se somaram à equipe. Na UTI, o atendimento ocorreu pelo Sistema Único de Saúde, que, segundo a família, prestou um serviço exemplar.

Com a ida para o quarto, o pai de Dado, DorildoPrezalino Ramos, e os familiares optaram pelo atendimento particular, garantindo continuidade ao tratamento. Dado permaneceu internado até 14 de novembro, quando recebeu alta. Naquele momento, havia conseguido abrir apenas um dos olhos, ressaltou Rosane. 

Rosane Farias relembra uma conversa marcante: “Uma médica disse que, conforme a ciência, ele provavelmente ficaria cego de um lado. Eu respondi que, para Deus, nada era impossível. Que o Eduardo ainda iria caminhar, viver e enxergar bem”. A médica, emocionada, afirmou que Rosane era uma mulher de profunda fé.

Em casa, Dado continuou em coma e sem sinais de reação. Apenas entre 12 e 14 de dezembro de 2013 ele abriu os olhos e mostrou os primeiros movimentos. Nessa fase, recebeu acompanhamento de cuidadora, enfermeira, equipe médica e do fisioterapeuta Fernando Lukacsak, de Içara, o mesmo que havia atendido o saudoso Igor, filho de seu Salésio, da Exótic, destacou Rosane Farias. 

Rosane recorda o papel fundamental de DorildoRezalino Ramos: “O pai dele foi exemplar. Colocava o Dado na cadeira, conversava, chorava abraçado ao filho. Demonstrou um amor imenso e uma dedicação que jamais vou esquecer. Ele fez de tudo para a recuperação da saúde desse filho. Foi um pai maravilhoso, dedicado e atencioso”.

O acidente mobilizou profundamente a comunidade de Maracajá. As famílias dos três jovens receberam apoio emocional, espiritual e solidário de moradores, instituições e voluntários. 

Rosane recorda que recebeu o apoio de igrejas cristãs, instituições espíritas e diversas outras religiões, que se uniram em orações e mensagens de força para ajudar na sua recuperação. Correntes de oração foram organizadas em vários espaços de fé, e inúmeras pessoas, padres, pastores, mulheres e homens de oração, missionários e missionárias, visitaram a sua residência em atos de solidariedade e esperança. 

Rosane Farias destaca “que a saudosa ZulmaBarcelos, membro da Congregação Cristã do Brasil, abriu as portas de sua casa para orações todas as noites às 19 horas em favor dos três jovens. Quando Dado já apresentava melhora, eu e ele fomos agradecê-la pessoalmente. Foi um momento lembrado com grande emoção, pois, ele demonstrou forte amor pelo Dado.

Rosane lembrou que diversos grupos religiosos também realizaram vigílias em frente aos hospitais onde estavam internados Dado, Bida e Geovane. Equipes de voluntários e líderes espirituais se organizaram para oferecer apoio às famílias. 

Escolas da rede municipal mobilizaram estudantes, professores e gestores, que enviaram mensagens, cartas e orações para os jovens. Empresas locais, times de futebol da comunidade também demonstraram afeto e solidariedade, relatou Rosane Farias. 

Nos depoimentos de Dado, a gratidão se destaca: “Minha mãe e meu pai fizeram tudo por mim. Tudo o que recuperei, minhas lembranças, meu corpo, meus movimentos, foi resultado da dedicação deles, dos médicos e, acima de tudo, de Deus. Eu tive que aprender tudo de novo. Meu corpo era completamente mole. Me tornei como uma criança e precisei reaprender a viver”.

Rosane Farias conta que a partir de 2014, o Dado iniciou um processo de reabilitação lenta e contínua, recuperando gradualmente as funções físicas e neurológicas. 

Dado salientou que “hoje sou imensamente grato pelas conquistas. Eu, o Bida e o Geovane recebemos de Deus uma nova oportunidade de viver. Um lindo milagre”.

Dado encerra seus relatos reafirmando sua gratidão: “Minha eterna gratidão ao meu pai Dorildo, à minha mãe Rosane, aos meus irmãos e irmãs, aos familiares, aos amigos, à equipe médica e a cada pessoa que orou por nós. Deus nos deu novas chances e oportunidades. Gratidão também aos meus amigos do acidente, Bida e Geovane”.

Na próxima coluna, darei continuidade à história de José Eduardo Farias Ramos, abordando seu envolvimento em ações sociais e beneficentes, como as edições do Natal Solidário em Maracajá.

José Eduardo Farias Ramos e sua mãe Rosane Farias
Dorildo Prezalino Ramos e Rosane Farias. Pais do José Eduardo Farias Ramos


Times de futebol organizaram apoio ao Dado, Bida e Giovane


Empresas Espaço VIP e Portal Shopping apoiando a recuperação do Dado


Professores e estudantes mobilizados em orações pela recuperação do Dado, Bida e Giovane





As opiniões expressas nesta coluna são de responsabilidade exclusiva do(a) colunista e não refletem, necessariamente, a posição do Portal Folha Regional.

Lúcio Vânio Moraes - Historiador

Lúcio Vânio Moraes - Historiador

luciovaniomoraes@gmail.com

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