Saúde

“Hábitos alimentares, são determinantes na educação dos filhos”, destaca nutricionista

Quando nos referimos ao açúcar como “vilão” nos remete algo que é muito mal e perigoso para a nossa saúde. Se lembrássemos a descoberta deste alimento, sua história, seu processo de fabricação e a sua importância para o desenvolvimento do nosso país, certamente haveria uma outra percepção. O açúcar esta presente na nossa alimentação o ano inteiro, porém a partir das datas comemorativas como o dia da criança, o halloween de doces ou travessuras e o Natal, a tendência é que este consumo aumente ainda mais. A nutricionista e graduanda em Obesidade e emagrecimento Jandiara Pavei, relembra a historicidade deste alimento, mediante as tradições de família.

“Em minha prática clínica tenho como primícias a reeducação alimentar, explicar ao paciente a importância do alimento para o seu organismo”, relata a nutricionista.

Ela destaca a questão da importância de comer alimentos integrais, ou seja, despertá-los para a importância de inserir no seu dia a dia alimentos mais íntegros possíveis, onde denominamos alimentos minimamente processados, e assim estaremos consumindo o alimento com todo nutriente para nossa correta absorção. Essa educação alimentar quando já inserida no âmbito familiar, sendo um hábito praticado pelos pais,serão determinantes na formação dos hábitos alimentares mais saudáveis,hábitos esses que quando adquiridos no decorrer da infância e da adolescência são mais fáceis de serem mantidos durante a vida adulta e no envelhecimento. “A alimentação saudável deve incluir o consumo de carboidratos em quantidade adequada,cerca de 45% a 65% do total de calorias do dia”, afirma a nutricionista. E quando falamos em carboidratos precisamos entender que existem duas classes: Carboidratos Simples: eles são digeridos e convertidos em glicose rapidamente na nossa corrente sanguínea, e elevam a glicemia em cerca de 20 minutos, mas caem também rapidamente. Deve-se evitar o excesso de consumo desse tipo de carboidrato, pois eles favorecem a ocorrência de doenças crônicas como diabetes, o aumento dos triglicerídeos e da obesidade, entre outras doenças metabólicas, além da incidência maior de cáries em crianças.

Exemplos: Açúcar refinado, refrigerante, balas, doces, chocolates, mel, sucos de frutas etc. Conforme a sociedade brasileira de pediatria não é recomendável consumir até 1 ano de idade, após a porção por dia fica em torno de 15g no máximo.

Carboidratos Complexos: Esse tipo de carboidrato que devemos priorizar, libera energia lentamente. Assim eles garantem por um período maior, a glicose para o funcionamento do cérebro. Exemplos: tubérculos (ex.: batata, batata doce, mandioca, inhame) cereais integrais.

Sabemos que a alimentação tem um papel fundamental na saúde das crianças. Deve-se amamentar exclusivamente no peito até o 6º mês de vida, após isso aliar uma alimentação complementar adequada até os 2 anos de idade. Quando a criança acaba de completar 6 meses inicia-se a introdução de alimentos aos poucos. A introdução adequada de alimentos nessa fase previne o bebê contra doenças como desnutrição, anemia, obesidade, pressão alta, diabetes, etc.

Se a criança estiver mamando no peito dos 6 aos 7 meses deve-se oferecer três refeições por dia com alimentos complementares e mais o leite materno. Seriam essas refeições: dois purês de frutas (no lanche da manhã e no lanche da tarde) e uma papa salgada (no almoço). O leite materno sempre que a criança quiser.

Para a nutricionista, devemos acostumar as crianças a comerem frutas, verduras e legumes, que são importantes fontes de vitaminas (vitamina A vitamina B, vitamina C e ácido fólico, entre outras); minerais (cálcio, ferro, zinco, fósforo e magnésio entre outros) e fibras.

Para preparar a papa salgada devemos incluir um alimento de cada grupo a seguir:

• Cereais: arroz, macarrão, farinhas de milho, de arroz, de mandioca, pães etc.;
• Tubérculos: batata, aipim, batata-doce, batata salsa, cará e inhame;
• Verduras e Legumes: folhas verdes, repolho, abóbora, beterraba, abobrinha, quiabo, chuchu, cenoura, vagem, tomate;
• Carnes: de boi, de frango, de peixe sem espinhas ou vísceras (fígado) Ovos: somente a gema;
• Leguminosas: feijão, lentilha, ervilha seca, soja e grão de bico;
Com a introdução de alimentos complementares, é importante que a criança receba água pura filtrada e fervida, ou água mineral, nos intervalos das refeições. Lembrando que não podemos adoçar com mel até o primeiro ano de vida, é totalmente contraindicado devido ao risco de intoxicação alimentar (botulismo). A clara de ovo também está contraindicada nessa idade (a gema pode ser utilizada, desde que bem cozida. Deve-se iniciar dando apenas ¼ da gema; se houver boa aceitação, na próxima vez pode ser dada a metade da gema para então, na próxima oferta, dar a gema inteira).

Os alimentos abaixo devem ser evitados, por toda a família, inclusive pelo bebê que está em desenvolvimento.
• Refrigerantes e sucos artificiais;
• Produtos industrializados e com conservantes;
• Produtos com corantes artificiais;
• Produtos embutidos (salame, presunto, linguiça, mortadela) e enlatados (milho verde, ervilha, pepino azedo, palmito, azeitona, picles, etc.);
• Açúcar, bolos, biscoitos recheados e guloseimas em geral;
• Balas de qualquer tipo, pirulito, pipoca, amendoim e outros alimentos pequenos e duros podem provocar acidente grave por engasgamento;
• Chocolates e achocolatados;
• Qualquer tipo de fritura (doce ou salgada);
• Maionese, ketchup, mostarda, pimenta e outros condimentos similares;
• Salgadinhos de pacote em geral.
Segundo Jandiara, o excesso de alimentos ricos em gordura trás, açúcar, sal, conservantes ou corantes ao longo da vida podem levar ao aparecimento de doenças.

Já os alimentos listados a seguir são saudáveis, nutritivos e podem ser ofertados naturalmente:
• Frutas (banana, manga, abacate, maçã, pêra, melão, melancia, caqui, laranja, mamão, abacaxi).
• Suco de fruta natural.
• Vitamina de fruta com cereais.
• Legumes (cenoura, chuchu, abóbora, beterraba etc.) cozidos no vapor ou em pouca água, cortados em forma de palito.
• Carne magra, grelhada ou assada. No caso das aves, retirar a pele.
• Mingau ou pudim feito com leite e cereais (de preferência, utilizar cereais fortificados com ferro; se a criança mamar no peito, o mingau poderá ser preparado com o leite materno).
• Pães e biscoitos sem recheio.
• Iogurte natural ou coalhada caseira.
• Picolé de suco de fruta natural.
• Bolos simples, sem cobertura, podendo ser feitos também com legumes ou frutas (de fubá, de cenoura, de banana, de abacaxi, de maçã, de beterraba).
• Saladas de tomate, chuchu, cenoura, beterraba, vagem etc.
• Batata, aipim, batata-doce e batata salsa podem ser servidos na forma de purê ou cozidos, cortados em pedaços pequenos, acompanhados de feijão, carne ou vegetais.
• Dar sempre preferência para alimentos na sua forma mais natural possível.

Bebês devem aprender a conhecer os diferentes sabores

“Durante o primeiro ano de vida os alimentos não devem ser misturados, para que a criança aprenda a conhecer os diferentes sabores e texturas (tipos de alimentos). Isto contribuirá para a formação de hábitos alimentares mais saudáveis”, ressalta ela.

As crianças melhoram a aceitação alimentar, quando não tem acesso a guloseimas entre as principais refeições. As guloseimas não devem fazer parte do dia a dia das crianças, mas permitidas apenas eventualmente, em quantidade limitada em horários apropriados. E natural que a criança prefira comer alimentos mais adocicados, porém não precisamos encher de açúcar refinado. “Podemos substituir por opções mais saudáveis como mel, açúcar de coco, açúcar demerara e açúcar mascavo, ou ainda adoçar com fruta como banana amassada bem madura,tâmara hidratada, suco de uva ou de maca integral”, afirma Jandiara. E quando a orientação medica é para diminuição de calorias quando já existe uma doença preexistente como diabetes podemos optar pelas opções: stevia, xilitol, eritritol, açúcar de maca, agave. O estabelecimento de limites, o exemplo, além de educativo, é fundamental para uma alimentação equilibrada, adequada e saudável para toda família.

Historia do açúcar
Segunda Jandiara, foi na Índia do século 5, aproximadamente que se desenvolveu a técnica de solidificar o caldo extraído da cana-de-açúcar e transformá-lo em cristais granulados. Oficialmente, foi Martim Affonso de Souza que em 1532 trouxe a primeira muda de cana ao Brasil e iniciou seu cultivo na Capitania de São Vicente. Lá, ele próprio construiu o primeiro engenho de açúcar. O açúcar é produzido, principalmente, a partir da cana-de-açúcar. Antes de o produto final chegar até nós, a planta passa por vários processos.”Primeiro, ela é moída e aquecida para a extração de um caldo doce. Então, esse caldo é filtrado, concentrado e centrifugado (quando é separado da água) onde chamamos de açúcar mascavo”,explica ela.O açúcar refinado (branco) é feito a partir da diluição do açúcar mascavo. O açúcar passa por refinamento, fazendo com que perca sua cor, assim como praticamente todos os seus nutrientes e minerais, se tornando uma caloria vazia. Seus grãos são finos, e de fácil diluição. A cor branca significa que o açúcar recebeu aditivos químicos no último processo da fabricação.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo