
Dia do/a Professor/a” é repensar a educação como instrumento de emancipação social

O texto analisa a valorização do/a professor/acomo integrante da classe trabalhadora e agente transformador da realidade social, a partir das contribuições de Saviani (2011), Freire (1996), Barros (1942) e Ferreiro (2001). Parte-se da compreensão de que o ofício docente é uma prática política, ética e epistemológica, que transcende a mera transmissão de saberes e implica compromisso com a emancipação humana. A reflexão articula as concepções de educação como prática social (Saviani), libertadora (Freire), cidadã e democrática (Antonieta de Barros) e cognitiva (Ferreiro), apontando que a valorização docente é condição para o fortalecimento da educação pública e da justiça social.
A figura do/a professor/a ocupa papel central no processo educativo, sendo historicamente marcada por tensões entre o reconhecimento simbólico e a desvalorização material de seu trabalho. Pensar o “Dia do/a Professor/a” sob a ótica da valorização da classe trabalhadora docente é repensar a educação como instrumento de emancipação social.
Saviani (2011) propõe uma pedagogia que problematiza a dimensão histórica e social da educação, entendendo o/a professor/a como trabalhador/a intelectual que atua na formação da consciência crítica. Freire (1996), por sua vez, desloca o foco da docência da simples instrução para o diálogo libertador e humanizador. Já Barros(1942), pioneira na luta por direitos educacionais e criadora do “Dia do/a Professor/a” em Santa Catarina, defende o magistério como missão de transformação social e moral. Ferreiro (2001), por fim, destaca a centralidade do processo cognitivo da criança e a função mediadora do/a professor/a no desenvolvimento do pensamento autônomo.
Para Saviani (2011, p. 61), o ato educativo é uma forma de trabalho que se diferencia por sua natureza intelectual e socialmente determinada. O autor afirma que “a educação é um ato de produção de conhecimentos, valores e atitudes que têm por finalidade transformar o homem em sujeito histórico”
Freire (1996, p. 25), compreende a docência como prática política, dialógica e libertadora. Em “Pedagogia da Autonomia”, afirma: “Não há docência sem discência, as duas se explicam e seus sujeitos, apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto um do outro”.
A docência, portanto, é um ato de amor e coragem: “É preciso ter esperança, mas esperança do verbo esperançar; esperar é ir atrás, é construir, não é cruzar os braços” (Freire, 1992, p. 52). Valorizar o/a professor/a, é reconhecer nele o sujeito ético-político que, junto ao/a estudante, busca transformar o mundo por meio da educação crítica.
Referências
BARROS, Antonieta de. Discurso em homenagem ao Dia do Professor. Assembleia Legislativa de Santa Catarina, 1948. In: PEREIRA, M. A. Antonieta de Barros: educação, raça e democracia. Florianópolis: Editora da UFSC, 2021.
FERREIRO, Emília. Com todas as letras: análise psicogenética da escrita. Porto Alegre: Artmed, 2001.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. Pedagogia da Esperança: um reencontro com a Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
SAVIANI, Dermeval. Educação: do senso comum à consciência filosófica. 13. ed. Campinas: Autores Associados, 2011.

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