Senhor Dejair Rossa: o farmacêutico de Maracajá lembrado pelo dom de curar
Nos dias 24 de outubro de 2024 e 23 de setembro de 2025, realizei entrevistas com a esposa do Sr. Dejair Rossa, a senhora Maria Bernadete Trento Rossa, com o objetivo de elaborar este texto como forma de trazer à memória uma pessoa tão importante para a história e a comunidade de Maracajá.
Natural de Criciúma (SC), Sr. DejairRossa nasceu em 20 de agosto de 1952 e desde muito cedo aprendeu o valor do trabalho e da responsabilidade. Filho de Antônio Rossa e Maria do Carmo Lemos Rossa, era o mais velho entre dez irmãos.
Aos 11 anos, já contribuía com as despesas da casa. “Com essa idade ele já trabalhava em uma loja no centro, chamada Calcutá, como empacotador. Depois, foi para a Gruta Azul, uma casa que fazia sucos e sorvetes”, recorda Maria Bernadete Trento Rossa, conhecida como dona Dete.
Com o tempo, Sr. Dejair Rossa iniciou sua trajetória nas farmácias, onde aprendeu o ofício na prática em Criciúma. “Ele trabalhou direto em farmácias. Ajudou a montar com o tio Ademir a farmácia do centro, chamada Droga Líder. Trabalhou ali por muitos anos, aprendendo com o tio e também em outras, como a Moderna”.
Mesmo com uma rotina intensa, Sr. DejairRossa não abandonava o sonho de estudar. No entanto, as dificuldades econômicas da família não permitiram que ele ingressasse em uma faculdade. “Ele falava que estudou na Escola Estadual Coelho Neto, em Criciúma. Não tinha muito tempo, mas lia muito. Aprendeu na prática, atendendo no dia a dia. O sonho dele era fazer faculdade e ser cirurgião”, lembra dona Dete.
Foi em Siderópolis que os caminhos de Sr. Dejair Rossa e Maria Bernadete Trento Rossa se cruzaram. Em depoimento, dona Dete relatou que “nós nos conhecemos em Siderópolis. Ele tinha ido ajudar a tia, que queria comprar uma farmácia, mas só fecharia o negócio se ele fosse trabalhar, porque confiava na competência dele”.
O namoro começou em 1974 e, no dia 1º de março de 1975, realizaram o enlace matrimonial, constituindo a família com o nascimento de três filhos: Rodrigo Rossa, Gisleine Rossa e Anderson Rossa (in memoriam). Hoje, a família é composta também pelos netos Ana Carolina RossaBurato, Davi, Ian e Malu.

Após o casamento, Sr. Dejair Rossa e Maria Bernadete Trento Rossa retornaram a Criciúma e, posteriormente, se estabeleceram em Maracajá, onde fundaram a Farmácia Trento. O local se tornou referência na comunidade, tanto pelo atendimento quanto pelo acolhimento humano. “Ele não tinha hora para atender. Muitas pessoas diziam: ´o Dejair é o nosso médico de confiança’. E realmente era mesmo. Ele se tornou o médico de Maracajá. As pessoas iam até a farmácia não apenas em busca de remédio, mas de escuta, de conselhos e de cuidado”, relembra emocionada Maria Bernadete Trento Rossa.
O Sr. Dejair Rossa combinava seu conhecimento técnico e prático com saberes populares. “Ele era conhecido por receitar remédios tanto da farmácia quanto com ervas medicinais. Indicava chás de alecrim, boldo, camomila, babosa, guaco, erva-cidreira, folhas de laranja, erva-doce, hortelã, carqueja, capim-limão, entre outros. A nossa farmácia Trento ficava aqui no centro de Maracajá, onde hoje é a minha casa”.
Além de cuidar, o seu Dejair Rossatambém ensinava e contagiava todas as pessoas que trabalharam com ele. Ele ensinou e aprendeu com o Agenor, Devair, Franciele, Gisleine, Larissa, Taline, Lourival, seu João, Jardel, Paula, Soninha, Letícia, Tainá… e outros que nem consigo lembrar”, cita com saudade Maria Bernadete Trento Rossa.
Finalizo o texto afirmando que o seu Dejair Rossa foi uma pessoa querida,lembrado como um homem generoso, que dedicou a vida a cuidar dos outros com empatia, escuta e sabedoria. Para muitos moradores, ele não era apenas um farmacêutico, mas o verdadeiro médico de Maracajá, alguém que curava com palavras, remédios e atenção. Um exemplo de vida simples, mas profundamente significativa.
Na próxima edição darei continuidade na história do senhor Dejair Rossa.
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